
Folha de S. Paulo (Blog) – Numa área descampada, plana e bonita, a estação ferroviária de Coroados era ainda mais bela quando foi inaugurada, há cem anos. Hoje fechada, pouco lembra o local que propiciou o desenvolvimento da cidade.
Inaugurada em junho de 1921, a estação pertenceu à Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que ligava Bauru a Corumbá (MS) na linha ferroviária que ficou conhecida como Trem da Morte, por conta principalmente da desaceleração gradual de investimentos na estrada de ferro a partir dos anos 60.
Como reflexo da criação da Noroeste, na primeira década do século passado, segundo a Prefeitura de Coroados surgiu o interesse nas terras da região, então muito baratas, para a expansão da cafeicultura, o que atraiu companhias imobiliárias.
A primeira casa foi construída justamente no ano da chegada da ferrovia, que permitiu o desenvolvimento do núcleo urbano, formado por colonos de outras regiões paulistas.
O primeiro prefeito foi escolhido em 1929, ano em que houve a histórica quebra da Bolsa de Nova York, que afetou a cafeicultura brasileira e fez com que, na região, as áreas fossem transformadas em pastos, propiciando o desenvolvimento da pecuária.
Do passado, ainda há marcas na estação, mas principalmente a do abandono que tomou conta do local, hoje fechado, nas últimas décadas.
Uma inscrição indicando a data de inauguração do imóvel, a altitude em que a estação se localiza e a quilometragem dela na linha férrea ainda estão na parede da plataforma de embarque, mas também são visíveis mato no entorno do prédio, as más condições de portas e janelas e um forte cheiro de fezes de pombos. Dezenas deles estavam no local.
De acordo com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), a estação, que já foi utilizada como moradia, está cedida para uso gratuito do poder público, aguardando destinação.
O Trem da Morte permitia, ao chegar a Corumbá, a ligação com Puerto Quijarro, na Bolívia, de onde partia o verdadeiro Trem da Morte, que vai até Santa Cruz de la Sierra, maior cidade boliviana (1,5 milhão de habitantes), e que ganhou esse nome devido ao número de acidentes e também por ser no passado rota para o transporte de doentes.
Percorremos, por rodovia, os 1.272 quilômetros entre Bauru e Corumbá e em 24 estações visitadas encontramos destruição e histórias de desolação de ex-maquinistas e antigos usuários das ferrovias.
Das 122 estações erguidas entre as cidades, ao menos 80 foram demolidas ou estão em processo avançado de deterioração, abandonadas ou fechadas, sem uso algum. A maior parte delas está sob responsabilidade do governo federal.
Uma amargura infinita que nós causa vendo essas estações e linha férreas em ruínas!Aqui no estado de Minas não é diferente!
Ainda estou lá no princípio da extinção das ferrovias!
Porque Sucatearam tudo ,ao invés de aleatoriamente legar ao abandono todo o rico patrimônio e também aos ferroviários inativos?Não ousaram pensar sequer o desperdício total de tudo ! Que coisa feia!Onde vamos existe ruína e abandono de materiais de alvenarias caríssimos!
Me dói contemplar ,vendo um país riquíssimo em decadência cada vez mais e mais!
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Tania
O seu comentário é a expressão da verdade. A omissão do governo é um verdadeiro crime de lesa-pátria.
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DNIT e IPHAN insensíveis a causa ferroviária.
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Eles se fazem de insensíveis, mas o que é o Iphan quando foi criado e por qual objetivo?
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é uma autarquia federal do Governo do Brasil, criada em 1937, vinculada ao Ministério do Turismo, responsável pela preservação e divulgação do patrimônio material e imaterial do país. Nota-se claramente: “PRESERVAÇÃO”. Tá no Google. São 27 Superintendências e 27 corpos Técnicos espalhados pelo Brasil. Logo, creio que são estes os órgão brasileiro responsável pela proteção do patrimônio nacional.
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É uma triste notícia. Sobre esse quesito, não se pode deixar de atribuir responsabilidade sobre o que vem acontecendo, aos governos que se sucederam, a partir da extinção da RFFFSA. Todos, indistintamente, pecaram por omissão, ou desídia, com relação a esses patrimônios. Não agiram de modo a protegê-los. Afinal, não se tratavam de bens pessoais. Eventuais prejuízos não refletiriam em seus bolsos. Conheci bem alguns trechos e ramais, que foram desativados, que têm boa parte das suas estações, em estado de abandono, quando poderiam estar sendo utilizadas por entes públicos.
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Prezado Alcir
Triste realidade. O abandono das estações é parte deste desleixo criminoso. São fazendas invadidas; trilhos furtados; material rodante apodrecendo em pátios fantasmas, entre os quais o da Estação Barão de Mauá. Ferramental furtado das oficinas abandonadas. É muito mais. É o fim …
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Infelizmente esse é o Brasil que vemos. A propósito, prof Fernando Abelha. Tem alguma notícia sobre o 1/5? Com relação a nossa causa?
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Lucia
Ainda não temos notícias dos órgãos de classe. Vamos aguardar o 1º de maio.
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