Por Luiz Carlos Vaz

Recebemos do jornalista Luiz Carlos Vaz, com quem trabalhamos irmanados quando na Comunicação Institucional e Marketing da extinta RFFSA, o seguinte e-mail:

Prezado Fernando.

Não havia tido ainda oportunidade de te cumprimentar pela merecida promoção. Que continues tendo bastante sucesso.

Hoje pela manhã, como sempre faço, acessei teu blog e tive a agradável surpresa de me deparar com a informação sobre o nosso dissídio e a revisão da tabela salarial. Pode ser que agora a coisa flua e a nosso favor.

Em anexo estou te enviando artigo de minha autoria publicado recentemente pelo jornal Correio do Povo sobre o eterno problema da falta de trens.

Um grande e fraternal abraço.

“A imprevisibilidade brasileira é tamanha que a cada momento somos assaltados por uma nova ameaça. Mal conseguimos nos recuperar de um acontecimento ruim e outro já está batendo à nossa porta. No ano passado o país viveu dias de desespero com o desabastecimento tomando conta das cidades por conta da paralisação dos rodoviários. Aquele episódio, no entanto, não serviu de lição aos governantes, que deveriam imediatamente ter determinado estudos para tornar a ferrovia brasileira – ou o que sobrou dela – em condições de pleno uso, atendendo àquelas regiões que servia quando existia a Rede Ferroviária Federal e não apenas aquelas de interesse exclusivo dos concessionários. Aliás, consta dos contratos de concessão a faculdade de escolher o que transportar ou para quem transportar?

Acabar com a Rede Ferroviária, uma empresa bem estruturada e atuante, foi um ato criminoso, pois a RFFSA era o instrumento que o Governo contava para regular toda a questão dos fretes.  Não estando mais de posse da ferrovia, como um todo, a administração pública ficou de mãos atadas, sem ingerência nesse importante modal de transporte. E o Rio Grande do Sul, por exemplo, assistiu à paulatina redução de seus 3.400 quilômetros de estradas de ferro para menos de 1.600 quilômetros, isso representando um aumento massivo de caminhões nas rodovias com consequente elevação do número de acidentes. Áreas de produção importantes do Estado ficaram totalmente desassistidas. Quando ainda atuante, a RFFSA era obrigada a realizar todo o transporte que fosse do interesse do governo – ou seja, do povo –, por isso os 3.400 quilômetros de trilhos eram plenamente usados. Hoje, ligações importantes não existem mais. Não vai mais trem para Uruguaiana, nem para Livramento, muito menos para Santo Ângelo, Erechim ou Marcelino Ramos, Alegrete, Santiago, São Borja, São Luiz Gonzaga, Bossoroca, Giruá, Santa Rosa, Catuípe, Dom Pedrito, Jaguari, Cerro Largo, Rosário do Sul, Itaqui, Carazinho e outras comunidades de igual importância. Ou seja, foi um desmantelamento total da nossa ferrovia.

Projetos (até mirabolantes) de construção de novas estradas de ferro pelo país existem. Mas, e se uma outra greve de caminhoneiros nos surpreender novamente?  Sem trens, a população será mais uma vez refém do rodoviarismo?

A única saída para o Brasil será a existência de uma ferrovia abrangente e atuante, que atenda a todos sem distinção. Como? Os políticos sabem muito bem: basta apenas que trabalhem por esta causa”.

Fonte: Correio do Povo. Porto Alegre