Por Angela França, Vice-presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária e conselheira do Crea junto à Prefeitura de Petrópolis (RJ)

Apesar da pequena distância entre Petrópolis e Rio de Janeiro e da tecnologia embarcada nos modernos automóveis e ônibus, a viagem nos horários de pico entre as duas cidades atualmente dura de 2,5 a 3 horas. Quem faz esse percurso ida e volta diariamente perde, no mínimo, 5 horas em deslocamento, sem falar no risco de acidentes, com paralisações, constantes engarrafamentos na BR-040, sendo Petrópolis refém desta única entrada e saída da cidade.

A reativação do trem possibilitará a retirada de milhares de veículos da via, melhorando as condições na chegada ao Rio.

Na época em que existia o trem, a viagem era feita em 2h e quando da inauguração da Estação Leopoldina a viagem passou a ser feita em 1h45. Em 1964, a linha foi erradicada e passamos a depender totalmente do modal rodoviário.

O Trem Expresso Imperial consiste na reativação do trem, partindo do Centro do Rio pela linha da SuperVia até a Fábrica Dona Isabel em Petrópolis, com 7 km de trilhos no plano inclinado, em menos de 1h30, oferecendo uma segunda opção moderna, rápida, segura e não poluente para passageiros e turistas, sendo uma solução viável.

Quanto ao material rodante existem os trens do Corcovado, que se encontram disponíveis para a doação e que viriam para Petrópolis sem custo, exceto o frete do transporte, já que são compatíveis com o trecho por serem carros com cremalheiras. Desta forma, além de melhorar a mobilidade, estaremos preservando a história ferroviária do estado do Rio e recuperando parte da primeira ferrovia do país.

O projeto encontra-se parado por falta de investidores e vontade política, apesar de ter sido considerado pelo estado de relevante interesse ao turismo e à economia fluminense, tendo inclusive assinado um Acordo de Cooperação Técnica entre as Prefeituras de Magé, Petrópolis e o Estado para a sua reativação.

Apesar de estar no Plano Estratégico Ferroviário do Estado, não existe expectativa para sua implantação, apesar do custo baixo de implementação, por se tratar de um projeto brownfield, se comparado ao custo/km de uma obra greenfield. Os benefícios são melhoria da mobilidade urbana, alavancagem de geração de emprego e renda aos municípios e preservação do meio ambiente, protegendo a Mata Atlântica com geração de créditos de carbono na utilização de trem elétrico e redução da emissão de gases do efeito estufa.

Foi idealizado pela Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (AFPF), que vem atuando junto aos órgãos interessados em viabilizá-lo, tendo encaminhado síntese do projeto ao Gabinete Civil da Presidência da República, solicitando inclusão no Programa de Aceleração do Crescimento Econômico, convicto de que a sua relação custo x benefício apresenta resultados positivos, gerando auxílios sociais, econômicos e ecológicos para a Região Serrana e o Estado do Rio.

Temos um abaixo-assinado de 4.641 assinaturas de cidadãos conscientes da importância histórica e cultural do Expresso Imperial, solicitando sua reativação e recuperando a memória e o patrimônio histórico ferroviário.

Um dos maiores desafios é romper a barreira do rodoviarismo, que se opõe à ferrovia, por ser concorrente direto na demanda, mas que em contrapartida tem o objetivo de retirar de circulação mais de 11 mil veículos/dia, melhorando a fluidez do trânsito.

Fonte: Revista Ferroviária