Trens cheios, sujos, com horários irregulares são algumas das reclamações mostradas na quinta e última matéria da série feita pelo DIÁRIO DO RIO

Quem mais sente quando a qualidade do transporte coletivo não é satisfatória são os usuários. As pessoas que pegam o trem todos os dias sabem onde o vagão aperta. É sobre situações que levam às críticas ao serviço prestado pela SuperVia que a quinta e última matéria da série #ForaDosTrilhos vai falar.
Em de junho de 2020, o ramal exclusivo para Deodoro deixou de funcionar. Com isso, o Santa Cruz passou a ser parador e vem acumulando passageiros das zonas Oeste e Norte. Desde então, a reclamação dos usuários em relação a trens mais cheios e viagens mais lentas passou a ser rotina.
“A linha direta para Deodoro precisa voltar, nem que seja por três ou por quatro horários fixos nos dias úteis. Sugiro o seguinte horário para os trens: 13h, 15h e 19h saindo da Central para Deodoro. E pela manhã, de Deodoro para o Centro, às 06h, 08h e 10h”, pontua Flavia Adriana, usuária do transporte.
Quando a junção dos ramais de Deodoro e de Santa Cruz foi feita pela SuperVia, a Justiça deu um prazo de 20 dias para a concessionária explicar a decisão. À época, a empresa que é responsável pelos trens no Rio de Janeiro disse que: “As alterações foram feitas com base em estudos técnicos. Antes das alterações, segundo a Supervia, os ramais de Japeri e de Santa Cruz dividiam a mesma linha. E quando as duas locomotivas se encontravam, uma tinha que parar na sinalização e esperar a outra passar para poder, então, seguir viagem”.
“A falta da linha direta do Ramal Santa Cruz para Deodoro está inviabilizando a chegada e saída do Centro da cidade do Rio de Janeiro. Isso prejudica a todos, inclusive à SuperVia. E maltrata a população. Mata o comércio. Diminui o público pelas ruas. Certamente, centenas e centenas de pessoas estão deixando de ir ao Centro por essa dificuldade no transporte. Isso vai acabar paulatinamente com a cidade e com o negócio de todos. Vejo um futuro de demissões em massa por falta de passageiros, situação agravada pela maneira equivocada de prestar serviço ao grande público”, afirma Flavia.
Em outros ramais, os problemas são outros, mas com consequências idênticas: o sofrimento dos usuários de trem. Quem pega trem dos ramais Saracuruna e Guapimirim reclama de trens velhos e sujos, trilhos com problemas e horários irregulares.
“Na estação de Saracuruna, são 3 locomotivas a diesel (2305, 2362, 2354) e 8 carros Pidner que estão lá encostados sem peça de reposição. Atualmente, em operação são três locomotivas (2351, 2302, 2363) e 6 carros Pidner. Sendo que uma locomotiva e 3 Pidner vão para o Vila Inhomirim e o Guapimirim fica com as sobras, ou seja, uma locomotiva e dois Pidner, e uma locomotiva fica de reserva”, informa um comunicado feito por um grupo de passageiros. Eles, inclusive, usam um aplicativo de mensagens para avisarem uns aos outros quando o trem passou por determinada estação.
Maquinistas e moradores da região dos ramais Saracuruna e Guapimirim relatam que os trilhos estão dilatados e com dormentes podres. De acordo com eles, continuar a operação é arriscado e só esse ano já foram três descarrilamentos.
Os horários são outro problema. Segundo esses usuários, atualmente os trens são mais lentos por conta da via férrea, que está desgastada. A viagem para o Centro da cidade que antes durava uma hora e trinta minutos, hoje em dia leva quase duas horas. “A manutenção da SuperVia está sendo realizada pela metade, a tragédia está anunciada”, dizem.
“Antes, tinha aquela história que o morador da Baixada Fluminense regulava sua vida de acordo com os horários dos trens. Agora, isso mudou, porque nem sabemos que horas e nem se vai passar trem”, fala Guilherme Costa, que usa o ramal Saracuruna.
Ainda sobre as reclamações desse grupo de passageiros ouvidos pelo DIÁRIO DO RIO, as estações estão “jogadas às traças. É mais ou menos uma plataforma só para subir no trem. Algumas nem tem mais cobertura”. Eles contam que os trens são extremamente sujos e isso também afasta passageiros.
“O ramal precisa paralisar temporariamente para fazer obras em todo o trecho, antes de uma tragédia acontecer, porém, a SuperVia informou que não há verba para a recuperação das locomotivas, nem para os vagões e muito menos para a manutenção da via férrea Isso está bem equivocado. A empresa transporta centenas de pessoas por dia nos 270km de via do Rio de Janeiro com a tarifa mais cara do país, como não tem verba para fazer os serviços mais básicos?”, finalizam os passageiros.
Procurada, a SuperVia não respondeu o contato da reportagem até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
Fonte: Diário do Rio