Por Alex Medeiros
Comentários iniciais de Fernando Abelha
A propósito da notícia publicada, recentemente, sobre a lamentável situação em que se encontra a Estação de Campos dos Goitacases, no Norte fluminense, recebemos do leitor Alex Medeiros, certamente ferroviário sofredor como todos nós, que presenciamos tanto desleixo com o patrimônio ferroviário e com seus os valores humanos, brilhante artigo desenvolvido dentro de linha editorial realista, em que deixa flagrante o absurdo do abandono de grandes trechos da extinta e saudosa RFFSA, por todo o Brasil, sem que as autoridades federais fiscalizadoras, ANTT e outras entidades, façam cumprir as normas contratuais das concessões. Este é o Brasil do jeitinho, mesmo que seja contra o povo. Afinal, quem paga a conta somos nós…
A seguir artigo de Alex Medeiros:
– Campos dos Goytacazes, a maior cidade do interior do Estado. Município servido de trechos ferroviários que ligavam à Capital do Estado a Minas Gerais e ao Espírito Santo. O primeiro citado, na Linha do Litoral. O segundo, chegando ao importante entroncamento ferroviário em RECREIO/MG e, de lá, penetrando em alguns sentidos mineiros, importantes ao desenvolvimento de Minas e, inclusive, religando ao Estado Rio na linha para Três Rios e, de lá, na Linha Auxiliar, chegando ao Rio de Janeiro. O segundo, da Linha do Litoral, penetrando no Estado Capixaba em Ponde do Itabapoana, seguindo para Vila Velha.
Hoje, o trecho para Recreio quase não existe em termos de leito ferroviário. Foi devolvido pela Concessionária FCA a partir da Resolução 4.131/2012 ANTT. Quase ninguém questionou. A multa a ser paga pela FCA não foi requisitada pelo Estado do Rio, por municípios, por empresários ou por entidades sociais. Perdemos os bens, os potenciais para pequenas cargas, passageiros e/ou trens turísticos.
Hoje fala-se na possibilidade de reimplantação de trecho ferroviário, ligando Minas ao Porto do Açu. O trecho da Linha do Litoral, desde Itaboraí até Santo Eduardo (divisa com ES), encontra-se abandonado, em meio ao mato, não mantido pela FCA desde 2015. Está para ser devolvido à UNIÃO, no processo de relicitação do Contrato de Concessão, em andamento. A FCA pagará multa por não manutenção e os recursos irão para os cofres do Tesouro Nacional. Novamente prejuízos para o Estado do Rio e Municípios.
Em 1996 a FCA recebeu uma Ferrovia na qual circulavam trens de cargas e, hoje, nem caminhar pela grande maioria do trecho há condições, pelo matagal e riscos diversos. Pior que isso são furtos de materiais. Mais de 50% dos trilhos do referido trecho já foram furtados, em todos os nove municípios. Também estruturas de pontes e pontilhões foram levados. Além disso há invasões com pastagens e edificações sobre a faixa de domínio e leito da linha.
COMO SEI? Nosso Movimento caminha pelo leito ferroviário entre Itaboraí e Ponte de Itabapoana. Infelizmente poucos são os que lutam, concretamente, contra esse estado de coisas. Nós fazemos. Propostas em Audiências Públicas, denúncias ao MPF, questionamentos vereadores, aos deputados estaduais, federais e aos senadores do nosso Estado. Como as coisas andam ficaremos sem o trecho ferroviário, sem recursos para recuperar alguns trechos que possuem potenciais para passageiros e trens turísticos. Estes, com certeza, seriam viáveis, caso a ANTT fizesse um chamamento Público para identificar interessados, disponibilizando os recursos da multa para projetos viáveis e, principalmente, definindo logo o traçado para a futura EF 118 que ligará linhas da VALE em Vila Velha às linhas da MRS em Nova Iguaçu, deixando claro os trechos do leito atual que ficarão livres do traçado. Estamos à disposição para aprofundarmos, somarmos ações, LUTARMOS PELA FERROVIA. – Movimento Ferrovia Viva E-mail: movimentoferroviaviva@gmail.com Estamos no Facebook. Agradeço a atenção. ALEX MEDEIROS