Comentários de Fernando Abelha
Edição Luis Fernando Salles
Pesquisa Silvio Ferreira
É vergonhoso o descaso com a histórica estação Barão de Mauá. A pasmaceira dos governos do Estado e da União Federal, juntamente com a concessionária Supervia, leia-se Odebrecht, enrubesce a qualquer cidadão que transite pela Av. Francisco Bicalho, no bairro imperial de São Cristóvão. A Estação é tombada pelo IPHAN – Ministério da Cultura – por sua representatividade histórica relacionada à origem do transporte ferroviário em nosso país.
Barão de Mauá, antiga sede administrativa e operacional da Estrada de Ferro Leopoldina, é hoje um prédio fantasma. Tomada por morcegos e roedores. Sem água, energia elétrica e ao sabor dos vândalos que além de pichá-la por fora e por dentro, arrombaram os escritórios e furtaram tudo que puderam carregar. Até pouco tempo, a Supervia (Odebrecht) promovia, semanalmente, festas em sua gare, alugando-a por valores em torno de R$ 50 mil. O dinheiro tinha destino específico para seus gestores. Esse abuso ocasionou, inclusive, ação do Ministério Público. Também sem qualquer retorno ao Estado a concessionária Odebrecht instalou junto as plataformas da Estação, fábrica para produzir as aduelas utilizadas na linha quatro do metrô carioca, ignorando até o momento a contrapartida de restaurar o prédio da Estação. Isso foi denunciado, mas, como tudo o mais, ainda não deu em nada. A conta final fica, mais uma vez, com o contribuinte que paga caro através de impostos exorbitantes.
Em pleno período do então governador Sérgio Cabral Filho, a Supervia suspendeu o tráfego ferroviário dos subúrbios que de Barão de Mauá demandavam a Duque de Caxias, Belford Roxo e Saracuruna, transferindo-o para Estação Dom Pedro II (Central do Brasil). A partir daí a Estação passou a ser terra de ninguém o que perdura até os dias atuais. O prédio e seu entorno ficaram divididos entre a União Federal, Governo do Estado e a concessionária Supervia. Assim, Barão de Mauá passou a pertence a três donos e nenhum deles quer exercer a responsabilidade da manutenção ou melhor aproveitamento do prédio histórico com a ocupação dos seus escritórios pelo Estado ou até mesmo pela União Federal.
Existe projeto elaborado pela Universidade Federal de Santa Catarina e custeado pela Inventariança da extinta RFFSA, para instalar na gare de Barão de Mauá o Museu Ferroviário Nacional, atualmente também abandonado no bairro suburbano do Engenho de Dentro. Lá se encontra a locomotiva Baronesa, primeira do país, o vagão do imperador, os carros de passageiros que conduziam a comitiva de Getúlio Vargas em suas viagens de trem por Minas Gerais, Espírito Santo e Estado do Rio. Muitas outras peças valiosas e rara documentação histórica, estão amontoadas no Museu do Engenho de Dentro, que se encontra hoje com as portas fechadas.
Já não se tem políticos como antigamente. Geddel poderia ceder suas malas para a Estação Barão de Mauá. Temer em sua vestimenta de Papai Noel poderia libertar a Estação das agruras que está passando. A Turma do PT que muito se aproveitou dos ferroviários poderia convencer o Lula a fazer aparecer, num passe de suas mágicas, dinheiro que está fora do país para reformar Barão de Mauá. Enfim tanta coisa boa que poderiam implementar, fora da preocupação de encher os bolsos, cuecas e malas de dinheiro.
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