Por Fernando Abelha

No terceiro ano sem reajustamento salarial, os ferroviários da extinta RFFSA se veem abandonados na velhice, justamente quando mais necessitam de meios financeiros para enfrentar doenças e outras necessidades que a avançada idade lhes impõe.

Aos olhos frios e impassíveis dos governantes e a total ausência de informações dos apáticos órgãos de classe, Federações, Sindicatos e Associações, somente resta esperar e acreditar em milagre. A valente categoria que fez história de liderança sindical nas décadas de 50/60 do século passado, se vê hoje a mercê da “caridade” dos governantes, humilhada e penalizada, com seus salários congelados ocasionando perdas de mais de 50% em seus vencimentos.

A grande maioria de trabalhadores encontra-se à beira da miséria. São mais de 12 níveis da Escala Básica de Cargos e Salários da extinta RFFSA, abaixo do salário-mínimo, o que penaliza justamente os mais humildes.

A propósito, transcrevemos abaixo escrito do advogado e ferroviário Alcir Alves de Souza, que nos honra, mais uma vez, com sua sábia presença neste blog, ao abordar a situação em que se encontram os ferroviários e nos transferir importantes ensinamentos sobre o envelhecimento do ser humano.

Eis o texto que nos presenteia o advogado/ferroviário Alcir Alves de Souza:    

Prezado professor JOÃO ABELHA 

Os textos abaixo, de minha lavra e responsabilidade, são de temática e conceituação diferentes, posto que um, se refere à situação dos ferroviários da extinta RFFSA, vítimas dos desmandos de órgãos do Governo, e outro, ao processo de envelhecimento humano. 

1. Sobre a questão que tanto aflige e causa danos aos ferroviários (ativos e inativos) da extinta RFFSA, infelizmente, o que temos a fazer, como sugeriu o professor, é aguardar, pelo menos, até o mês de dezembro, quando, então, os senhores membros da Comissão Paritária Especial, ante o posicionamento contrário de diferentes órgãos do Governo, ao pleito da FENAFAP, já terão decidido em qual direção pretendem seguir. É inconcebível a postura enigmática dos senhores dirigentes das entidades de classe. São pessoas maduras, sabidamente experientes, com responsabilidades perante os seus representados, mas que não respondem aos apelos destes, não se manifestam, optando pelo silêncio. 

2. Sobre o ENVELHECIMENTO HUMANO. Eis um tema que pode levar a conjecturas ou indagações por diferentes prismas. O avançar inexorável do tempo, como é sabido, conduz o homem ao desgaste físico e mental. É um processo lento e irreversível, próprio da natureza humana, do qual não se pode fugir. O modus vivendi, ou melhor, o histórico de vida, é que vai determinar, no decorrer do tempo, o grau de sanidade de uma pessoa. São inúmeras as que, por conta de cuidados pessoais com a saúde, têm longevidade invejável. Às que têm vida sedentária um sonho inalcançável, que fica no imaginário, se não houver mudança radical de hábitos. O envelhecimento precoce pode levar uma pessoa à decrepitude ou à caducidade. O envelhecer saudável, sem dúvida alguma, é prazeroso, tanto quanto o próprio viver; enriquece o homem, dá-lhe no passar dos anos, experiência e sabedoria; fá-lo generoso, leva-o a contemplar e a valorizar, com mais sensibilidade, a vida. A lucidez, ou o equilíbrio mental, é o ápice dessa trajetória. Uma trajetória que, para muitos, chega a ser um privilégio, uma concessão DIVINA. É, assim, a partir dela, que o idoso pode exercitar o seu intelecto, capacitando-se à leitura, à escrita e a outros prazeres da vida. 

Cordialmente,  

Alcir Alves de Souza