Por Fernando Abelha

O vídeo publicado neste blog, no último domingo, 25, sobre o lançamento do livro infantil “Sua Majestade: Donna Locomotiva”, de autoria da escritora Edla Zim, retrata importante momento da história ferroviária no Sul do Brasil, voltada à Estrada de Ferro Donna Tereza Cristina Railway, construída por ingleses no sul de Santa Catarina, entre os anos de 1880 e 1884, especialmente para transportar carvão mineral destinado à siderurgia e geração de energia termoelétrica.

A narrativa deixa registrada o feitiço com que a estrada de ferro baliza o espírito daqueles que convivem ou dela participaram, no decorrer de sua existência. É de se ressaltar o trecho da narrativa em que a autora diz ser neta e filha de ferroviário.

É verdade… Assim sempre foi o comportamento dos Recursos Humanos das Estradas de Ferro, com sua origem nos investimentos ingleses, no caso E.F. Leopoldina Railway, Santos Jundiaí Railway e outras. Da mesma maneira, as de origem pelo Governo Federal, como a saudosa Estrada de Ferro Central do Brasil e a própria Rede Ferroviária Federal AS-RFFSA.

O autor desta crônica é sobrinho do ferroviário, professor Pereira Reis, então Secretário Geral da E.F. Leopoldina Railway, quando da encampação pelo governo brasileiro, pelos idos de 1954. Após prestar provas de suficiência, com outros candidatos à Auxiliar de Estatística, foram admitidos também para outras vagas, dois empregados, sobrinho e neto de ferroviário, que fizeram carreira prestando seus serviços com dignidade e proficiência.

Com relação ao título desta crônica, aponto fatos que, certamente, constarão do livro em execução, com narrativa voltada “a meio século de luta para resistir à ganância política e os desmandos na Fundação” além de outros episódios não muitos republicanos e seus personagens, na avalanche de investidas questionáveis, voltadas aos interesses de políticos apoiadores de diretorias, sobre os recursos garantidores às aposentadorias e pensões da Fundação REFER, recursos esses pertencentes aos ferroviários e metroviários participantes, aos olhos apáticos do órgão fiscalizador (PREVIC).

Ressalve-se neste momento ambíguo, a corajosa atuação do Conselho Fiscal que vem resistindo aos desmandos do Conselho Deliberativo em sua maioria, e da capenga Diretoria Executiva imposta em 2020 por ação de políticos, ligados ao então governador Wilson Mitzel e há 16 meses sem o diretor administrativo financeiro. Verdadeiro caos….

Pasmem: Na contra mão do histórico espírito do ferroviário, no final de 2018, a unanimidade do Conselho Deliberativo da Fundação REFER, em perverso ato, sem qualquer análise de produtividade profissional, demitiu mais de 10 empregados, sob a justificativa de terem algum grau de afinidade com ferroviários e ou empregados da Fundação.

Por um deles, no exercício da função de Analista Técnico Judicial, no decorrer de dois anos antes de ser demitido, conseguiu preservar nos cofres da REFER, alguns milhões de reais, ao refazer cálculos indenizatórios praticados por peritos de ações judiciais condenatórias, nomeados pela justiça. Mesmo assim foi demitido, Essa ignominia clama a Deus justiça…

Alguns dos demais demitidos arbitrariamente, com mais de 20 anos de REFER, muitos faltando meses para requererem aposentadoria, assim mesmo foram penalizados, embora que senhores de suas obrigações, por terem algum parentesco com ferroviários.

Certamente, esses conselheiros, por não trazerem nas veias as peculiaridades que sempre marcaram a filosofia de Recursos Humanos nas ferrovias, agiram, intempestiva e arbitrariamente, ao procederem essas demissões sem levantar a produtividade de cada um, justamente. quando em nosso país o mercado de trabalho está em declínio.

Não parou aí, a atual capenga diretoria da REFER continua demitindo sem qualquer critério, para admitir novos empregados vindo de fora, que nada têm a ver com sua origem na ferrovia. Até agora mais de 30 empregados que ocupavam algumas gerências e outras funções de alta responsabilidade, nas áreas administrativa e técnicas são trocados através da demissão, para atender pedidos políticos. Com isso, a memória da Fundação vem se perdendo em prejuízo da sua gestão e dos ferroviários participantes.

Ferroviário participante da REFER é hora de salvar a Fundação. Não deixe de votar. Vote certo para mudar…