Por Fernando Abelha
Bravos guerreiros, que por todo mundo fizeram história, os ferroviários em nosso país não merecem o tratamento que têm recebido após a liquidação da RFFSA. A história da humanidade registra que os ferroviários marcaram presença por todo o mundo, desde o incremento econômico propulsor do desenvolvimento das nações, até o domínio de filosofias políticas que se impuseram em alguns países.
Assim foi na conquista do Oeste dos Estados Unidos. Na instituição do nazismo germânico, do fascismo italiano, ambos, felizmente, de curta duração e, nos regimes comunistas ainda vigentes em alguns países. Assim, nas primeiras décadas do século passado, após a derrubada do czarismo na Rússia, com a implantação do regime comunista, fruto de uma filosofia política, hoje, em decadência, migrando juntamente com a China e outros, para um tipo de socialismo capitalista.
Da mesma forma, os ferroviários se fizeram presentes na guerra civil espanhola em 1930, e mais recentemente, 1978, com a criação de uma Monarquia Parlamentarista, em substituição ao regime ditatorial conhecido como franquismo. Em todos esses episódios, os ferroviários e as ferrovias participam dos registros históricos.
Fora dos movimentos políticos, na grande maioria dos países, a participação dos ferroviários contribui para o desenvolvimento econômico, com os transportes de cargas e passageiros. A partir do Brasil Império, quando somente existiam rodovias precárias, sem pavimentação, e caminhos de tropeiros, a ferrovia desempenhou fundamental importância, no transporte das riquezas nacionais, principalmente, as voltadas ao carreamento da produção agrária, notadamente o café, cana de açúcar e seus derivados, minérios e outros, para abastecimento interno e exportação.
A partir do desgoverno de Fernando Henrique Cardoso, o modal ferroviário brasileiro mudou de donos. Passou às mãos de empresários que reduziram a sua extensão, abandonaram milhares de quilômetros de vias, material rodante e edificações em verdadeiro crime de lesa-a-pátria. Transportam na maioria das concessões, apenas, os seus próprios produtos, como minérios de ferro e grãos para exportação e os oriundos da siderurgia.
Enfim, os ferroviários originários das 17 ferrovias então operadas por vários Estados da Federação, unificadas na RFFSA, a partir da sua criação no governo de Juscelino Kubistchek, em 1957, ultrapassavam aos 100 mil, hoje, estão reduzidos a menos de 70 mil, a quase totalidade aposentados e pensionistas, considerando-se apenas menos de 100, ainda, em atividade.
Esses mesmos trabalhadores, que marcaram época em nosso País, têm, hoje, seus salários, após evidente perseguição, desde o desgoverno de Fernando Henrique Cardoso, aviltados além de estarem abandonados a cada ano, sem planos de saúde, que leva categoria a uma situação de precária subsistência, com mais de 10 níveis da escala de cargos e salários da extinta RFFSA, abaixo do salário mínimo..
E para piorar, alguns poucos ferroviários que resolvem se levantar, dando uma falsa impressão que vão unir seus esforços ao lado dos mais cansados, acabam sendo seduzidos pelo poder, derrubando os que estavam trabalhando honestamente em seus postos e tiram o pouco que ainda restava da enfraquecida classe e de suas famílias.
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