Pesquisa e edição por Luis Fernando Salles

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País fechou 2019 com a menor produção de locomotivas e vagões dos últimos anos 

A indústria ferroviária brasileira enfrentou em 2019 o pior cenário dos últimos dez anos. Com poucos pedidos para as indústrias, que em alguns casos têm até 90% de ociosidade, foram fabricados cerca de mil vagões no ano, ante uma previsão de 1.500.

O cenário é muito diferente do registrado em 2014 e 2015, quando foram produzidos em média 4.700 vagões em cada ano. Com a crise na economia, concessionárias passaram a investir menos e a queda foi gradativa nos últimos anos. Em 2016, o volume caiu para 3.900 e, em 2017, alcançou 2.878. No ano passado, foram 2.566.

Em relação às locomotivas fabricadas, o melhor ano da história foi 2015, com 129, mas a produção também recuou gradativamente e fechou 2019 com apenas 34 unidades produzidas. Já os carros de passageiros, que chegaram a 473 fabricados em 2016, ficaram em apenas 104 no último ano no país. Os números seriam ainda piores não fossem as exportações de 5 locomotivas e 80 carros de passageiros para o Chile.

Agora, com a aprovação pelo TCU (Tribunal de Contas da União) da renovação antecipada da malha paulista, operada pela Rumo, as empresas esperam que haja crescimento nos pedidos de vagões e locomotivas, mas também com reflexo para 2021, no caso das locomotivas. A previsão é que o total de vagões suba dos 1.000 para ao menos 1.500 em 2020.

As plantas que fabricam vagões, locomotivas e carros de passageiros têm operado com ociosidade de até 90% no país. A capacidade instalada para a produção de locomotivas é de 250, mas apenas 34 foram feitas, o que significa 86,4% de ociosidade. No caso dos vagões, o índice é ainda maior, 91,7%: 1.000 produzidos, para uma capacidade de 12 mil.

Além de ser necessário um longo prazo para a produção, as locomotivas também são caras, podendo custar entre US$ 2 milhões e US$ 2,5 milhões (de R$ 8,28 milhões a R$ 10,35 milhões), dependendo da configuração. O preço de um vagão, em média, é de R$ 400 mil.

Fonte: ABIFER, Folha de São Paulo, Sobretrilhos