Texto do engº Alexandre Said Delvaux
O desequilíbrio da matriz de transporte foi o principal objetivo da desestatização do sistema ferroviário brasileiro, na última década do século XX:
“… o caso do setor ferroviário, a principal motivação para a desestatização do setor foi o entendimento de que havia um espaço significativo para a expansão desse modal na matriz de transporte brasileira, além das costumeiras motivações fiscais de curto prazo. Ademais, a inclusão da RFFSA no PND abriu a oportunidade de rever o funcionamento do sistema ferroviário brasileiro, em particular sua regulamentação”. (CASTRO, N.; LAMY, P. A. A reforma e a modernização do setor de transporte ferroviário de carga. Rio de Janeiro: IPEA, 1994. 61p. (Textos para discussão, 339)
Passados mais de vinte anos, a malha concedida à “inquestionável” competência da iniciativa privada foi abandonada pelas empresas, que receberam o patrimônio público com a obrigação de preservar e desenvolver (por isso, pagou valores com deságio, para investir na parte da malha degradada) e estão sendo “punidas” pelo descalabro com prorrogações e crédito.
E as autoridades permanecem caladas feito crianças cagadas. Algumas são aplaudidas pelo nada que fizeram e pela omissão. Segue o jogo de cena que vai destruindo a ferrovia do Brasil. O negócio ferroviário não é o mesmo que vender banana na feira. Os liberais de plantão deviam saber isso. A matriz de transportes continua desequilibrada.