O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, determinou que o governo faça esclarecimentos sobre as regras previstas no edital da Ferrovia Norte-Sul. Na prática, a decisão não afeta o cronograma do leilão, que está marcado para o dia 28 de março.

A determinação prevê que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) preste esclarecimentos sobre uma série de apontamentos feitos pelo Ministério Público junto ao TCU. Na avaliação do procurador do MP, Júlio Marcelo de Oliveira, o edital contém regras que reduzem a competitividade, ignoram o transporte de passageiros e favorecem as concessionárias que já atuam nos extremos da Norte-Sul, as empresas VLI e a Rumo. As companhias negam favorecimento.

O despacho de Nardes é uma resposta ao pedido de medida cautelar apresentado pelo MP de Contas, que pedia o adiamento do leilão. Além da ANTT, a estatal Valec terá de prestar esclarecimentos. O ministro também decidiu que a Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (SPPI/PR) e o Ministério da Infraestrutura poderão se manifestar, se julgarem necessário.

O trecho da ferrovia que será licitado tem lance mínimo de R$ 1,3 bilhão. O empreendimento já recebeu investimentos públicos de R$ 16 bilhões. Principal projeto da agenda de infraestrutura do governo Bolsonaro, a ferrovia corta o eixo central do Brasil, com 1.537 quilômetros de extensão entre Porto Nacional (TO) e Estrela D’Oeste (SP).

A estatal russa RZD, uma das maiores companhias ferroviárias do mundo, sinalizou que pode não entrar na disputa devido às regras do edital. Duas semanas atrás, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Ministério da Infraestrutura e à ANTT que suspenda a licitação, para que justifique a escolha do “modelo vertical” de concessão, em que apenas uma empresa controla o trecho.

Fonte: Estadão, Internet.