Edição de Luis Fernando Salles

Crônica do advogado Ricardo de Souza Santos, diretor de Seguridade da Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social – REFER:

Todos concordam que o momento vivido por nós, brasileiros, não é dos melhores. No campo político, temos um Legislativo desacreditado e um governo com sérias dificuldades para o exercício do seu papel, além de ambos com vários de seus membros envolvidos em investigações e graves escândalos de corrupção, que, agora, ameaçam alcançar até o Judiciário, o que, definitivamente, nos autoriza a temer pelo pior.

Não fossem por si só os efeitos da crise política suficientemente danosos, seus reflexos afetam diretamente a economia do Brasil com ruinosas consequências, atingindo nosso crescimento e a geração de empregos. Enfim, esses efeitos nos impedem de avançar, de crescer, de investir e melhorar as condições de vida do nosso povo.

Diante deste cenário, mostra-se com clareza que todos aqueles em que depositamos nossa confiança, e quem autorizamos, como deve ser em uma Democracia, a nos representar, falharam. Erraram quando se afastaram de sua função primeira, a de zelar pelo bem comum, e colocaram os seus objetivos pessoais à frente dos da coletividade. Erraram ainda mais quando descobertos, pois não perceberam que o país havia mudado e que a sociedade brasileira não iria mais aceitar a impunidade como regra.

No momento em que a maior preocupação dos nossos governantes é a de não serem presos, parece que conduzir o país e buscar as soluções de que tanto necessitam os brasileiros não estão na lista de prioridades da classe política brasileira. Neste caso, o que devemos fazer? Como reagir?

Se temos a exata noção da gravidade da situação, igualmente devemos ter a clareza de que as soluções não virão daqueles que deram as costas ao povo, traíram sua confiança e que, portanto, não têm legitimidade para participar do necessário processo de reconstrução de nossa nação. Se o poder emana do povo, só ele, tomando firme posição de mudança, é que terá a capacidade e legitimidade para realizar todas as reformas tão urgentes que o Brasil precisa.

Diante do descrédito da classe política, que em estreita relação com um empresariado pouco patriota colocaram em cheque os alicerces da nossa República, ninguém, a não ser os brasileiros, poderá colocar o país de volta nos trilhos e promover a paz entre os diversos setores da sociedade. Só existe uma maneira de materializar isto: por meio do exercício democrático de escolha direta do supremo mandatário.     

Fora da vontade popular não há solução. Escolher um presidente por meio indireto, mesmo que seja a forma prevista na Constituição, não resolve o problema. Ao contrário, terá o condão apenas de acirrar os ânimos e prolongar uma situação de fragilidade política e econômica que ninguém mais consegue suportar. Apenas lembrando que as leis devem refletir os anseios da sociedade, e não o contrário, logo, se a Constituição não está alinhada aos desejos dos brasileiros, mudem-se as leis!

“A punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus”. (Platão)