Esta mensagem se destina a todos os ferroviários que se encontram pelos rincões do nosso País. Em especial aos hoje tão sofridos aposentados, pensionistas e os poucos ainda em atividade, oriundos da extinta RFFSA.
Em 31 de dezembro deixo as lides sindicais ao me desligar da Federação Nacional dos Trabalhadores Ferroviários, após 58 anos de convívio, iniciado em 1963, ainda Chefe de Estação de Olinda, nos subúrbios do Rio de Janeiro, ao assumir, concomitantemente, à presidência do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviários da Zona Estrada de Ferro Central do Brasil.
A partir daí, estivemos sempre presentes nas lutas e conquistas da categoria sem nunca esmorecermos. Entendemos que a unidade sindical conquistada foi a grande alavanca na condução dos justos pleitos obtidos no passado e hoje colocados em risco.
Foi um prazer trabalhar em favor da obreira categoria dos ferroviários e aprender a cada dia algo de novo. Nunca imaginei que este momento chegaria tão rápido, apesar de vários anos já terem se passado, parece que foi ontem que recebi aquelas boas-vindas dos que me elegeram para presidir o Sindicato da Central do Brasil.
Foram muitos momentos alegres, outros nem tanto, mas todos eles contribuíram imensamente para que crescesse profissionalmente e, sobretudo, pessoalmente.
Agradeço ao Pai Eterno por cada segundo dispensado na defesa da categoria, por cada sorriso de agradecimento, por cada bom dia e aperto de mão. Esta despedia não significa um adeus, apenas o ultrapassar de mais uma etapa. Espero que não afaste completamente as nossas vidas.
Na liderança sindical, muitas décadas se passaram: mudança do século e milênio foram registrados no calendário de todos nós. O que nos leva a aceitar que o passar do tempo marca caminhos que se cruzam, uns para sempre e outros apenas por algum tempo. Não importa se agora os nossos tomarão rumos diferentes, o que tem verdadeiro valor é tudo o que conquistamos enquanto estivemos juntos.
Aos empregados que estiveram ao meu lado na FNTF; aos companheiros da diretoria e dos Sindicatos da Base, às Associações de Classe, o meu sincero agradecimento. Levarei cada um de você no meu coração com uma gratidão enorme pela unidade de ação e indispensável apoio quando mais precisava.
Que o sucesso se faça presente junto a nova diretoria da FNTF, na defesa dos justos interesses da categoria com o mesmo sentimento do dever cumprido que levo comigo. A prosperidade dos ferroviários seja uma companheira assídua, assim como foi por longos anos, até quando bruscas mudanças na legislação trabalhistas, manietaram o poder sindical.
Os novos tempos nos algemam e bloqueiam as ações das nossas lideranças sindicais. Falta-nos oportunidade para mudar esse estado de coisa. Por este motivo, é importante sempre valorizarmos o sentimento de que trabalhar em equipe é saber lutar em conjunto por um mesmo objetivo. No entanto, a experiência de vida sindical deixa-nos claro que, nem sempre é fácil manter a união e a concordância entre todos, quando as equipes são compostas por diferentes individualidades. Mas é importante saber separar o que é individual do que é de interesse para o coletivo. A vitória apenas será alcançada se todos se unirem e trabalharem em conjunto. No final todo sacrifício valerá a pena.
Aos 84 anos de vida e quase 60 nas contendas sindicais, deixo registrado com o coração sofrido, este documento de despedida. No entanto, continuarei ligado aos interesses dos ferroviários ao colocar-me sempre à disposição dos novos dirigentes que assumem a partir de agora a FNTF, para tudo o que necessitarem quanto a experiência trabalhista que adquirimos na defesa da categoria. Lhes desejo muito sucesso e coragem de enfrentar os obstáculos que advirão.
Ass: Hélio de Souza Regato de Andrade
E assim, com a certeza de ter dado o seu melhor se despede da FNTF o nosso Hélio Regado. O que não só eu mais todos os aposentados e pensionistas espera da nova diretoria é que o mesmo espírito de luta em favor dessa classe tão sofrida se faça presente nos corações dos que assumiram essa causa.
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