Colaboração de Alcir Alves de Souza

Era um trem noturno, da Estrada de Ferro Leopoldina, que saía da gare (plataforma 1) da Estação Barão de Mauá, no Rio de Janeiro (RJ), por volta das 22:30 horas, com suas acomodações, quase sempre, lotadas. Composto de carros dormitórios, restaurante, carros de primeira e segunda classes, inclusive de bagagens e encomendas. Antes de chegar ao seu destino, que era a Estação de Cachoeiro do Itapemirim (ES), circulava por vários municípios fluminenses e capixabas, passando por mais de duas dezenas de estações. Os carros eram de aço carbono, tinham as laterais externas pintadas de azul, e a realçar-lhes uma faixa branca. A viagem durava, aproximadamente, 14:00 horas. O percurso era feito pela linha tronco, em bitola estreita (1,00m), não podendo o trem exceder da velocidade máxima permitida. A partir de 1975, o Departamento de Finanças da Superintendência Regional Centro (SRC-3) passou a exercer o controle das receitas daquela unidade operacional, unificando os dois setores de fiscalização, em decorrência do que, por força da função que exercia, viajei no dito trem, algumas vezes, inclusive em outros de diferentes ramais daquela ferrovia. Estive, em visita de inspeção, em dezenas de estações, algumas tantas localizadas em pequenos povoados, com poucos recursos, tendo o trem como único meio de transporte, outras tantas em pequenas e médias cidades, consideradas “cidades dormitórios”, onde se podiam encontrar hospedagens, serviços médicos e outros meios de locomoção. 

ALCIR ALVES DE SOUZA 

Ferroviário/Advogado