A propósito da matéria editada neste blog “Governo examina renovação de concessões que deram prejuízos ao erário público” recebemos do engº Alexandre Said Delvaux o seguinte comentário:
“O projeto da EF-354 chegava até o Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). Tratava-se de um empreendimento fundamental para o estado do Rio de Janeiro e para o Brasil, tendo em vista a grande competitividade do Porto do Açu. No entanto, o projeto permanece engavetado e, a julgar pelas últimas notícias, foi amputado o trecho que chega ao Porto do Açu.
Paralelamente, a antiga Superintendência Regional Campos foi completamente abandonada pela concessionária (FCA) e o trecho entre Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ) entregue às traças, sujeito a furtos de material e invasões, triste destino da antiga Estrada de Ferro Leopoldina.
O sangue e o suor de milhares e milhares de ferroviários e o sofrimento de milhões de pessoas por conta do absurdo abandono das ferrovias no Brasil são apenas detalhes para governantes míopes, incompetentes e inescrupulosos, que optaram pela degradação, ao invés da modernização.
O assunto, no entanto, é a EF-354. Chegaram a anunciar uma “gambiarra” que é a colocação do terceiro trilho de Ambaí até o Porto do Açu, além da “variante de São Eduardo” como alternativas à EF-354. Tudo muito estranho, indicando que “alguém” não vê com bons olhos a soja produzida na Região Centro-Oeste chegar diretamente ao Porto do Açu, passando pelo estado de Minas Gerais. O itinerário preferido passa pelo litoral do Espírito Santo. Ganha um “doce” quem acertar quem é esse “alguém”. Essa “gambiarra” vai custar caro ao Brasil e será, sem dúvida, um projeto natimorto.
Como já perceberam que destruir, abandonar ou gastar gigantescas quantias com ferrovias sem inaugurá-las não leva a qualquer tipo de punição, a aposta na impunidade vai sendo dobrada. Quem pagou pelo absurdo da “quase ferrovia Dom Silvério-Nova Era”, com obras avançadas, túneis, pontes e estações; simplesmente abandonada, antes de circular um único trem? O esqueleto está lá para quem quiser ver e para assombrar os incompetentes, como testemunha da irresponsabilidade de governantes.
Realmente, o Brasil não é para amadores!!!!!”
Parabenizamos o engº Alexandre por trazer à luz esse tema tão relevante e por seus comentários, mas nos permitimos as seguintes observações:
1- Realmente o trecho da antiga Linha Tronco Barão de Mauá/Vitória (a mais importante linha da E.F. Leopoldina) encontra-se sem operação ferroviária/erradicada/abandonada desde 2010, exceto o subtrecho entre Saracuruna e Magé, onde circula o trem de passageiros da Concessionária Supervia em direção ao terminal de Guapimirim;
2- O Programa de Investimento em Logística (agosto/2012) para o RJ é o seguinte:
a) E.F-118 (Estrada de Ferro Rio de Janeiro/Vitória) passando obrigatoriamente por Nova Iguaçú, Visconde de Itaboraí, Casemiro de Abreu, Terminais Portuários de Macaé e Açú em Campos dos Goitacazes.
No Espirito Santo comtempla os Terminais Portuários de Ubú em Anchieta e Vitória.
Uma outra alternativa pensada para alcançar o Porto do Açú em Campos, foi o projeto iniciando em Três Rios (malha da MRS), passando por Além Paraíba, Santo Antônio de Pádua e São Fidelis (projeto descartado);
b) A E.F-354 tem os seguintes pontos de passagem obrigatórios:
-Litoral Fluminense, Muriaé, Ipatinga (Vale do Aço em MG), Corinto, Uruaçú (entroncamento com a FNS), Lucas do Rio Verde (MT), Vilhena, Porto Velho, Rio Grande e Boqueirão da Boa Esperança (Acre) na fronteira Brasil/Peru.
3- O subtrecho Ambaí/ São Bento/Campos Elísios, construído em 1980/1981, para o transporte de combustível (álcool) para o ramal de São Paulo (projeto RFFSA) nunca foi operado, encontrando-se a faixa da estrada de ferro totalmente invadida;
Para concluir, realmente o RJ em termos de desenvolvimento ferroviário de trens de passageiros urbanos, de média e longa distância, além das novas ferrovias de carga (EFs-118 e 354) não conta com a prioridade dos investimentos por parte do Governo Federal e do Ministério da Infraestrutura.
Diretoria da AENFER.
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