O governo peruano vem se pronunciando que o projeto de construção de uma ferrovia bioceânica, atravessando a Bolívia, está paralisado devido à falta de interesse do Brasil, cuja participação é fundamental para tirar o plano do papel. O ministro dos Transportes e Comunicações do Peru, Edmer Trujillo, disse recentemente, em encontro com a imprensa estrangeira, que o governo de Jair Bolsonaro está mais interessado em estreitar relações com o governo chileno de Sebastián Piñera do que com a Bolívia e o Peru.
Em junho de 2019, os presidentes do Peru e da Bolívia comprometeram-se a preparar um estudo de viabilidade para construir uma ferrovia partindo do Brasil, em um corredor que ligaria a costa do Pacífico à costa do Atlântico e, dessa forma, impulsionaria o comércio com o mundo. A ideia vem desde os anos 1950, quando era chamada de “Ferrovia Transulamericana”, e foi retomada em 2015, com forte incentivo chinês. Na época, o custo foi estimado em US$ 60 bilhões.
– O senhor Bolsonaro já não aposta tanto no lado boliviano e peruano; ele aposta no lado chileno. Então, o projeto está atualmente em espera para ver como é possível compor situações políticas – disse Trujillo.
Anteriormente, Lima havia dito que o plano poderia custar cerca de US$ 7,5 bilhões de dólares, relativos ao trecho localizado em território peruano e que o financiamento poderia vir da China, principal destino das exportações da América do Sul.
Trujillo disse que, em várias reuniões entre os três países envolvidos no plano ferroviário, “não havia interesse do governo brasileiro” no corredor ferroviário. Essa atitude pode estar relacionada aos recentes problemas políticos na Bolívia.
– Estudos em território peruano mostram que precisamos ter necessariamente uma participação brasileira para viabilizar; caso contrário, o projeto não é viável – disse Trujillo. – Isso significa incorporar o governo brasileiro.
Os governos da Bolívia e do Brasil não se pronunciaram sobre os comentários do ministro.
Fontes: Revista Ferroviária, O Globo, Internet