Por Berenice Seara
Colaboração de Manoel Geraldo Costa

O Edifício D. Pedro II, antiga sede da Central do Brasil, foi inaugurado na década de 40 e, agora, está praticamente vazio, com a saída da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) – Foto: Reprodução das redes sociais
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) fez as malas e deixou o Edifício D. Pedro II, mais conhecido como o prédio da Central do Brasil, há dois meses. Depois de 20 anos instalada numa joia art déco decadente e depauperada — e, desde 2019, responsável por todas as despesas de manutenção do belo, porém caríssimo imóvel — a Seap levou todos os seus setores e departamentos para cinco andares de um endereço novinho em folha na Avenida Presidente Vargas.
Ficaram à deriva na Central do Brasil alguns poucos órgãos da administração estadual
Na última segunda-feira (3), o governador Cláudio Castro (PL) publicou decreto no Diário Oficial, delegando à subsecretaria de Gestão Administrativa e Patrimonial da Casa Civil a administração, manutenção e guarda do Edifício D. Pedro II, “exclusivamente enquanto o imóvel estiver desocupado e sem destinação definida”.
Caberá ao órgão responsável pelo patrimônio imobiliário do estado decidir o que fazer com o elefante branco, agora praticamente um prédio fantasma — que nenhuma secretaria estadual quer, nem interessa à iniciativa privada.
Para ter uma ideia das despesas da Seap, enquanto esteve responsável pelo prédio, só o contrato de manutenção anual saía por R$ 5 milhões. Mas, para tornar o espaço minimamente usável, seria preciso muito mais. O retrofit dos elevadores — que viviam parados — foi orçado em R$ 3,3 milhões. A restauração das fachadas sairia por R$ 3,9 milhões; a impermeabilização, por outros R$ 3,4 milhões.
E o pior: para adequar o velho edifício ao novo Código de Segurança contra Incêndio e Pânico (Coscip), editado em 2022, a estimativa é de que seriam necessários investimentos na ordem de R$ 20 milhões.
Antiga sede da Central do Brasil, foi o edifício mais alto da América Latina na época da inauguração
O Edifício D. Pedro II, antiga sede da Central do Brasil, é um imóvel icônico em estilo art déco, com uma torre de 134 metros e 28 pavimentos, e famoso por seu grande relógio de quatro faces. Inaugurado em 1943, chegou a ser considerado o edifício mais alto da América do Sul em sua época.
Ainda hoje, a torre impressiona no cenário, com seus 134 metros de altura. O grande relógio no topo ocupa quatro andares — e só os ponteiros pesam cerca de 270 quilos cada.
O edifício atual foi construído para substituir a estação original da Estrada de Ferro Dom Pedro II, demolida na década de 1930. O conjunto arquitetônico ainda abriga a mais importante estação de trens (a Central do Brasil) de onde partem os ramais da Supervia.
Nota da redação
Por Fernando Abelha
Mais uma agressão ao sistema ferroviário da massacrada RFFSA, que recebe tratamento depressível pelas concessionárias que arrendaram suas linhas, além do governo federal e estaduais. Estações, oficinas, depósitos, leito de linhas, totalmente abandonados, invadidos e saqueados, em verdadeiro crime de lesa-pátria.
Certamente, a estação Pedro II seguirá o mesmo destino da Estação Barão de Mauá que, em sua estrutura, abrigou a administração Estrada de Ferro Leopoldina, primeira ferrovia do Brasil, agredida pelo abandono de décadas, hoje em difícil e custosa recuperação pelo Município do Rio de Janeiro, que para ela projeta ocupação que nada tem a ver com sua memória histórica desprezando, inclusive, a iniciativa da Associação de Aposentados – AARFFSA para que abrigue o Museu Ferroviário do Rio e Janeiro, onde se encontram a locomotiva Baronesa, o carro do imperador e muitas outras peças de raridade histórica, hoje em antigo depósito da extinta RFFSA, transformado em Museu, fechado ao público para visitação, saqueado e abandonado.
Realmente, não dá para entender estes nossos governantes…
