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 Altair Alves

 –Passando por obras há 12 anos, o trecho entre as estações Dois Irmãos e Silvestre deve ser concluído até o fim deste mês

Foto: Daniel Martins/DIÁRIO DO RIO

Os históricos bondinhos de Santa Teresa, que circulam pelos trilhos do bairro desde 1896, estão prestes a retomar seu itinerário completo, Em obras há 12 anos, o trajeto entre as estações Dois Irmãos e Silvestre deve ser finalizado até o fim deste mês. A expectativa é que os testes operacionais comecem ainda em outubro, com viagens saindo do Largo da Carioca — algumas já com passageiros a bordo. A reabertura definitiva, contudo, deve acontecer apenas em 2026.

A conclusão dos reparos está marcada para o próximo dia 27 e terá até um passeio inaugural para convidados. O trecho até o Silvestre estava fora de operação desde 2008, e a novidade é que, com a retomada, o passageiro poderá se conectar ao Trem do Corcovado, em um acesso interrompido há mais de meio século.

Com a volta do integral do percurso do Bonde de Santa Teresa, o governo espera impulsionar o turismo local. A ideia é fomentar o crescimento econômico e o fortalecimento social da região, gerando empregos. A previsão é que sejam criados cerca de 500 postos de trabalho diretos e indiretos.

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O percurso até o Silvestre passa em meio à Floresta da Tijuca, área que servirá de ligação com uma estação intermediária do Trem do Corcovado. Essa parada fez parte do projeto original da linha, inaugurada por Dom Pedro II em 1884, mas foi fechada após as enchentes de 1966. O objetivo agora é revitalizar a estação e transformá-la em um novo polo de visitação.

O trecho de cinco quilômetros entre Dois Irmãos e Silvestre recebeu iluminação de LED e trilhos novos, semelhantes aos do VLT Carioca, mas com menos ruído. Para que o bonde faça o trajeto completo da Carioca até o Silvestre, ainda falta instalar trilhos em 300 metros de via. A rota foi desativada após furtos de cabos e peças metálicas em 2008.

Vale lembrar que as regras para viajar no modal mudaram. Ir em pé ou no estribo não é mais permitido. As normas de segurança foram reforçadas após os acidentes de 2011, que resultaram em mortes e aceleraram a reformulação do sistema.

Após a tragédia, o governo estadual iniciou a renovação dos bondes em 2013. A operação voltou em 2016, mas com limitações: dos 14 bondes previstos, apenas oito foram entregues porque a empresa responsável faliu. Uma nova licitação está programada para 2025.

Na etapa atual, o governo investe R$ 70 milhões para concluir a linha até o Silvestre e reativar o ramal Paula Mattos. Hoje, os bondes transportam em média 1,8 mil pessoas por dia durante a semana e 2,2 mil nos fins de semana. A tarifa é de R$ 20, mas moradores cadastrados não pagam. Mesmo assim, a operação é deficitária: enquanto a manutenção custa R$ 1,5 milhão, a receita mensal gira em torno de R$ 500 mil.