Artigo de Sérgio Iaccarino

A distribuição intermodal de transportes é dotada de uma perversidade intrínseca, evidenciada pela ausência de equilíbrio em sua logística institucional que privilegie os modos de transporte mais eficientes sob o ponto de vista da trilogia econômica-energética-ambiental.

Há muito tempo que já deveria ter se concretizada a convergência de técnicos, políticos e academia para que ocorresse essa necessária mutação de paradigma. Urge um novo desenho organo-institucional para a infraestrutura e a logística nacionais. Em tal contexto, a multimodalidade é uma exigência de modernidade. A busca do protagonismo para os modos de transporte mais eficientes e os enfoques associados de produtividade, competitividade e qualificação potencializarão uma “matriz intermodal verde”, com integração logística e sustentabilidade.

Aqui um parêntese para a denominação modal muito utilizada – e erradamente – dado que modal é adjetivo sendo correto o uso de modo de transportes. Repartição intermodal, Distribuição intermodal são corretos, assim como modos de transporte ferroviário, aquaviário e rodoviário. Esse erro tem similitude com o que é exaustivamente evidenciado na distribuição intermodal, qual seja um desequilíbrio. No entanto, é repetido constantemente até nos meios acadêmicos, além de palestras e artigos que continuam denominando modal de transporte em vez do correto modo de transporte.

Voltando à temática abordada, se constata que o modo de transporte rodoviário detém 63% da repartição intermodal das cargas, o que ocasiona um sensível impacto negativo para o meio ambiente, além de representar um incremento acentuado de acidentes e custos logísticos.

A posição do Brasil no cenário mundial surpreende – negativamente – quando se compara toneladas x quilômetros úteis, com o Brasil se alinhando a países de baixa extensão territorial, os quais enfatizam o modo rodoviário, enquanto os de extensão territorial semelhante à do Brasil (Canadá, Rússia, China) priorizam os modos de transporte ferroviário e aquaviário, mais coerentes com longos percursos.

Aí está a razão atávica de tal desbalanceamento da matriz brasileira de transportes. Em tal cenário, somente tem sentido se falar em sustentabilidade – e se fala tanto – se forem direcionados princípios de equilíbrio, racionalidade nos investimentos que atendam à tríade de eficiências ambiental-social- governança, outro tripé de importância (o ESG), que poderá se tornar a envoltória de ótimos, equilibrados e sustentáveis projetos de Transportes.