A Hora (RS) – O governo federal criou um grupo de trabalho para avaliar as reformas e adaptações necessárias na malha sul de ferrovias. A determinação foi publicada no Diário Oficial da União em novembro passado.

As ferrovias estão depreciadas devido à falta de investimento ao longo das últimas décadas e foram danificadas pela inundação de maio. No Vale do Taquari, líderes locais consideram a medida atrasada. “Pensamos que já existia o grupo. Fizemos uma série de pedidos e nenhum foi respondido”, diz o coordenador do Trem dos Vales, Rafael Fontana. 

A região reivindica a entrega de 46 quilômetros de ferrovia entre Guaporé e Muçum para reativar os passeios turísticos. Além disso, solicita que se inclua na próxima concessão, prevista para 2028, a possibilidade de exploração turística das ferrovias. “Para marcarmos os passeios, dependemos da boa vontade da concessionária”, destaca Fontana.

O grupo de trabalho é formado por técnicos do Ministério dos Transportes, da Rumo Logística, responsável pela malha sul. O governo do RS e os líderes da região entram como colaboradores nas discussões.

Os trabalhos serão liderados pelo secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro. Já a secretaria executiva cabe ao secretário Leonardo Ribeiro. Integram a equipe, ainda, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Viatale, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Fabrício Galvão, e o diretor-presidente da Infra S.A., Jorge Bastos.

Três décadas de esquecimento

São mais de 3 mil quilômetros de ferrovias que interligam o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul aos estados do centro-oeste do país. Antes de maio, menos da metade da malha tinha transporte regular por locomotivas.

Nas três décadas de concessão, não houve investimento para modernização dos ramais. Com trilhos antigos e sem manutenção, locomotivas ultrapassadas e mais lentas tornaram a opção pelo modal pouco atrativa.

Junto com isso, a Rumo também passou a ofertar poucas linhas. Sem periodicidade e prazos de entrega sem previsão, a malha gaúcha se tornou a mais ociosa do país.

As linhas que interligam o RS a Santa Catarina estão danificadas desde a grande inundação de maio. Na logística, o principal prejuízo está no transporte de cargas, em especial metais e combustíveis. Junto com isso, todos os passeios turísticos e culturais pelos trechos históricos também foram suspensos.