Recebemos do leitor que assina beautifulspeedily importante comentário que traduz a realidade da categoria dos ferroiários. Ontem, hoje e amanhã

Texto de beautifulspeedily

Os Sindicatos foram demonizados, os partidos de esquerda foram satanizados, tudo muito bem arquitetado pela elite atrasada, que não quer abrir mão de privilégios. Os ferroviários, nas décadas de 1950 e196O, se mobilizaram por outras categorias de trabalhadores. O establishment já usava o sistema ferroviário para cumprir o papel de elemento útil à lógica do capital: – transportar pessoas e mercadorias a preços sub valorizados para potencializar lucros e assegurar do êxito do processo de substituição de importações.

Os resultados imediatos dessa estratégia foram a falta de capacidade de investimentos, a degradação da qualidade dos serviços prestados e a perda gradativa do apoio da população. A insatisfação com os atrasos, acidentes frequentes e o desconforto das viagens levaram à omissão da sociedade diante da política de abandono de ramais ferroviários. Os governos autoritários deram prosseguimento ao abandono dos trens. O resultado final dessa história é a malha ferroviária absolutamente incompatível com as dimensões territoriais do Brasil e a matriz de transportes totalmente desequilibrada e ineficiente.

Com todos os defeitos dos sindicatos e partidos da esquerda, foram eles que lideraram as lutas que levaram às conquistas importantes dos trabalhadores. Os benefícios nunca foram benesses dos patrões. A Lei 8.186/91 não foi uma caridade para os ferroviários. O que estão fazendo com ela é apenas uma das consequências desses tempos obscuros, em que parte da classe trabalhadora parece negar as lutas do passado por melhores condições de trabalho. Claro que existem defeitos nos partidos da esquerda e nos sindicatos, afinal de contas, pegando carona na ideia federalista, se os homens fossem anjos, os sindicatos não seriam necessários, assim como os governos. Mas, como nos ensina o ditado que a minha saudosa Mãe não se cansava de repetir: – Ruim com eles, pior sem eles!