Comentários iniciais de Fernando Abelha

Entre muitas mensagens de ferroviários da extinta RFFSA recebidas por este veículo de comunicação, destaca-se neste indeciso momento, a de José Luciano que demonstra, claramente, o ressentimento da categoria pelo abandono a que se vê jogada a desvalida classe dos ferroviários da extinta RFFSA. Deixa claro o desprezo dos governos e, mais recentemente, dos  órgãos sindicais  para com a categoria, após a privatização da empresa.

Na data de ontem, agendada pela Infra S.A – empresa que substituiu a afamada e corrompida VALEC – Engenharia – após sucessivos adiamentos desde maio passado, de novo foi ignorada  reunião com a Federação Nacional dos Trabalhadores Ferroviários –FNTF, para definir o reajuste do Acordo Coletivo do Trabalho 2023/2024 dos ferroviários da extinta RFFSA. Mais uma vez, ninguém sabe ninguém viu.

Enquanto os anos se sucedem, a categoria com idade média de 80 anos, se vê à míngua de recursos para subsistir com alguma dignidade, com seus salários defasados a cada ano.

Recentemente, recebemos mensagem de desespero da esposa de um ferroviário do RS. Omitimos o nome por questão ética. Disse que “seu marido faleceu à míngua de remédios, socorrido tardiamente na emergência hospitalar do município. Não dispomos mais de plano de saúde por não termos como pagar. Embora fosse informada por ele de que com sua morte teria a íntegra de seus vencimentos o que é garantido por lei. Recebo apenas R$ 3.360,00 dos R$ 5.680,00 que teria diretito”.

Triste, cruel e perversa atitude do governo com uma classe obreira que por mais de um século serviu ao País.

Eia a íntegra do e-mail enviado pelo leitor ferroviário José Luciano Silveira Furtado.:    

-Bom dia prof. Abelha,

Mais um mês ficou para trás, nos deixando na reta final de 2023, e até hoje, nenhuma informação que nos trouxesse alguma esperança de termos o nosso direito respeitado.

O que mais me surpreende é o total descaso da FNTF, que deveria nos representar, com aqueles que são a razão da sua existência.  Nem uma mensagem, para seus representados.

Será medo de contrariar àqueles que lhes sustentam???

Sou normalmente um otimista, mas este descaso, por parte do governo e dos órgãos de classe que deveriam nos representar, abalou os meus alicerces.

Será preciso mais mortes daqueles que deram suas vidas pelo bem do país e que hoje estão na miséria, pelo desrespeito total às leis e pela inabilidade dos órgãos que deveriam nos defender?

Até quando, teremos que aturar estes desmandos? 

Atenciosamente,
José Luciano Silveira Furtado”

Nota da Redação:

José Luciano parabéns e obrigado por sua justa  participação. Esta mesma atitude é o que se espera dos demais colegas. Enviem e-mails, cartas, telegramas aos parlamentares, a Infra S.A. Ministério dos Transportes, e demais órgãos governamentais. Deixem flagrante o desespero que nos atinge.