Por Fernando Abelha

Por quase quatro décadas, ferroviários dos vários Estados da Federação comemoraram o 30 de setembro com confraternizações em suas gares, em muitas das 17 ferrovias que constituíram, em 1957, a então Rede Ferroviária Federal S.A. Alegres lembranças, muito trabalho e sentimento do dever cumprido em prol do País.

Criminosamente acabaram com a RFFSA. Concederam à iniciativa privada seus 28 mil quilômetros de linhas com material rodante, oficinas, pátios, estações, depósitos, fazendas para produção de dormentes  e muito mais. As concessionários abandonaram a Deus dará quase tudo ocasionando invasões, depredações e saques.

Não somos contrários às modernizações mas, entendemos que tudo poderia ser feito, concomitantemente, com a circulação normal dos percursos existente e administrados pela RFFSA, sem o abandono do que existia e funcionava plenamente, enquanto se constroem novos traçados. Simplesmente, com a total ausência da fiscalização do governo, mantiveram apenas os trechos e sistemas indispensáveis ao transporte de suas cargas unitárias.

A carga geral passou aos caminhões, muitas vezes com mais de oito eixos e reboques. Ao ocupar amplos espaços nas rodovias, verdadeiros vagões ferroviários, ocasionam congestionamentos, acidentes, mortes, destruição da pavimentação e outros percalços absurdos.

As empresas de caminheiros são os donos da carga geral abandonada pela ferrovia concedida e, com isso, sem concorrência, pressionam o governo com paralizações e greves, normalmente do interesse dos empresários rodoviários, em detrimento das populações, sujeitas ao desabastecimento em suas cidades.

Fizeram com o transporte ferroviário o mesmo que praticaram com a cabotagem naval. Terra arrasada. O pior de tudo: ninguém responde por estes crimes de lesa à pátria.

Imagem enviada à publicação pelos ferroviários Almir Gaspar, Elpídio, Manoel Geraldo Costa, Waldemar Ferreira.