JC Online – Ancorada numa decisão do Ministério da Integração que lhe assegura (ao menos até agora) a construção apenas do trecho Eliseu Martins (PI) a Pecém (CE), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), dona da ferrovia Transnordestina, articula junto ao BNDES, Banco d Nordeste, e Sudene, que administra o FNDE (Fundo de Desenvolvimento do Nordeste), o destravamento e um pacote de crédito que lhe permita terminar o primeiro trecho da obra até 2027, fazendo a ferrovia chegar ao porto cearense.elas contas da Transnordestina Logística S A (TLSA), com R$ 7,9 bilhões ela poderia entregar a obra da parte que considera sua responsabilidade, a partir do entendimento de que não precisa mais fazer o trecho Salgueiro (PE) – Pecém (CE).

Embora existam articulações da bancada de Pernambuco, oficialmente o que a ANTT tem na mesa é a proposta da TLSA, que se articula para fazer o ramal até Pecém (CE). Até agora, por exemplo, não houve nenhum movimento dentro do Ministério da Integração para que o termo aditivo seja revogado, o que faz a empresa da CSN continuar nas suas tratativas de viabilizar o projeto com o novo formato.

Por esse desenho, a CSN se dispõe a entrar com R$ 3 bilhões no total. Mas a conta do aporte é diferente do que seria a simples transferência de recursos do acionista controlador para sua subsidiária.

O desenho financeiro prevê que R$ 1,5 bilhão seja aportado contabilmente como fruto de uma renegociação de dívidas que, segundo a empresa, a União tem para com a TLSA por ter feito o trecho em Pernambuco que deverá ser transferido para outro investidor que esteja interessado no ramal até o porto de Suape.

Além disso, a companhia deverá receber mais R$ 3,5 bilhões de financiamento vindo do FNDE (Fundo de Desenvolvimento do Nordeste), que é administrado pela Sudene e mais R$ 800 milhões de créditos já contratados, mas ainda não liberados junto ao Banco do Nordeste devido a restrições impostas pelo TCU.

O ramal ferroviário da Transnordestina, que faz a ligação entre Curral Novo, no Piauí, e o Porto de Suape, tem 717 quilômetros de extensão e passou a ser considerado no governo Paulo Câmara como uma alternativa depois que o Grupo Bemisa, dono da mina no município piauiense e um dos maiores do País no ramo de exploração e exportação de minérios, que formalizou junto ao Ministério da Infraestrutura seu interesse em viabilizar a conclusão do Ramal Suape da Ferrovia Transnordestina.

Na época, o então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, assinou a autorização para que a mineradora Bemisa instalasse no final do ramal um terminal de minério de ferro na Ilha de Cocaia, em Suape, e escoar, via Transnordestina, a produção de suas jazidas localizadas no Piauí.

Para isso, a Ilha de Cocaia foi retirada da área do Porto Organizado de Suape, o que possibilitará a movimentação de cerca de 20 milhões de toneladas de minério por Suape. Com a retirada da ilha da Poligonal do Porto, haverá a instalação de um terminal privado de minério de ferro e, com isso, viabiliza a construção da ferrovia ligando o interior do Piauí ao atracadouro pernambucano.

O problema é que já no governo Lula, a Agencia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com interveniência do DNIT, aceitou todas as condições propostas pela TLSA, que não apenas reduziu o tamanho da obra eliminando trecho Salgueiro-Suape, como definiu como seria sua indenização e ainda travou a possibilidade de que outra empresa assumisse o trecho descartado.

Com a divisão do Ministério da Infraestrutura, a obra da Trasnordestina estaria no escopo do Ministério dos Transportes, mas até agora as ações sobre o distrato estão se dando no ministério da Integração Nacional, onde o governadores do Piauí e do Ceará tem maior ligação com o ministro da pasta.

Em março, quando de uma visita do presidente Lula a Pernambuco, Raquel Lyra aproveitou a agenda para tratar da definição do Ramal do Sertão, para Suape, na Transnordestina, mas apesar de o presidente defender a construção da ferrovia no modelo original, até agora nenhuma providência foi tomada e a TLSA segue com sua programação para trabalhar apenas em direção a Pecém, no Ceará.