Colaboração de Manoel Geraldo Costa

21/08/2023 CBN Notícias da Imprensa/ Revista Ferroviária

CBN – O governo do Rio deve decretar, nos próximos dias, a extinção do contrato de concessão dos trens. O principal argumento é que a Supervia descumpriu cláusulas que determinavam investimento de R$ 1,2 bilhão no sistema. Para evitar que os trens parem, o governo avalia criar uma estatal para recontratar os funcionários da Supervia até a nova concessão.

Fonte: https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/417051/governo-do-rio-deve-decretar-extincao-do-contrato-.htm

Realmente, não dá para entender

Comentários por Fernando Abelha

Quando da Divisão Especial Subúrbios do Grande Rio, estatal criada no governo Geisel, na década de 70, unificando os serviços suburbanos da Leopoldina e Central do Brasil, os ferroviários que nela trabalhavam, tinham a alegria de ver o transporte de massas aumentar a cada mês, com acidentes próximos de zero.

Quando lá chegamos pela equipe do coronel engenheiro Carlos Aloisio Weber, os trens de subúrbios transportavam cerca de 300 mil pessoas por dia útil, com paralisações e acidentes constantes, ceifando vidas dos trabalhadores e de ferroviários. Medidas de gestão foram adotadas e quando de lá saímos e 1979, após seis anos de trabalho, os cinco subsistemas do Rio de Janeiro, ultrapassavam, nos dias úteis, a casa dos 1 milhão e 200 mil passageiros transportados.

As 50 TUEs japonesas (trens elétricos com um carro motor e dois reboques), compradas no governo Geisel, passaram a circular no ramal de Deodoro com intervalos de cinco minutos. Enquanto os demais subsistemas com as composições antigas, mas rigorosamente revisadas nas oficinas de Deodoro, São Diogo e Praia Formosa, atendiam aos ramais de Santa Cruz, Japeri, Linha Auxiliar e Duque de Caxias, com circulação a cada 10 minutos. A Estação Barão de Mauá, hoje desativada, saqueada, servindo de valhacoutos à moradores de rua e drogados, recebia os trens da Linha Auxiliar, (Belford Roxo) e os de Duque de Caxias, além do Vera Cruz para São Paulo ( Trem de Prata) e Santa Cruz, para Belo Horizonte (Trem de Ouro), assim denominados pelos usuários e, ainda, as composições de bitola estreita que atendiam Vila Inhomirim e Guapimirim, no final da Baia da Guanabara.

A Estação Pedro II foi dotada de um sistema de informações á semelhança dos aeroportos, com indicação de saídas e chegadas para cada subsistema, orientava aos passageiros qual a plataforma e o horário previsto. Nas horas de rush saiam e chegavam composições a cada minuto ou menos. A imprensa foi agraciada com uma Central de Informações pelas 24 horas do dia, inclusive sábados domingos e feriados. Com esta medida, as emissoras de rádio liberavam, constantemente, informações sobre o movimento ferroviário, orientando através de seus noticiários, os passageiros sobre o andamento dos serviços para cada subsistema.

Era então uma estatal gerida por ferroviários, prata da casa, e que à época deu certo, à semelhança do que ocorre com a estatal Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM com o transporte em torno de três milhões de passageiros por dia útil.

Agora, fala-se em voltar a estatizar os subúrbios do Rio. Lembro-me que o eng. Aloisio Weber defendia baixos preços para passagem suburbana, por entender ser um salário indireto em favorecimento ao trabalhador, daí os subsídios governamentais que, certamente, terão de retornar durante o período de recuperação. Consta que o transporte de massas por todo mundo é subsidiado pelos governos.