
Diário do Nordeste (CE) (Coluna) – Houve um tempo em que era possível ir de trem do Cariri a Fortaleza. Bastava pegar o Sonho Azul, apelido que fez referência à cor dos vagões e também ao fato de que a viagem era noturna: adormecia num local, amanhecia no outro.
Apesar das 4 décadas, este colunista não teve a sorte de viajar de trem pelo nosso Estado. Se quem me lê foi passageiro ferroviário, este texto será uma viagem nostálgica. Mas quem nem sabia desse passado sobre trilhos também vai viajar graças a um levantamento minucioso que está terminando hoje.
A professora da Uece Ângela Maria Falcão da Silva encerrou no Crato a viagem que fez pelo Ceará visitando estações e reparando de perto na situação de trilhos e dormentes instalados em mais de 1.000 quilômetros.
A pesquisa faz parte do doutorado da professora, que andou na companhia de outros dois pesquisadores, o também geógrafo Francisco Rocha e o curador da exposição permanente do Museu Ferroviário do Ceará, Clenilton Melo.
“A conservação e a preservação das ferrovias têm deixado a desejar. Tenho encontrado estações demolidas, abandonadas ou em semiabandono”, diz a professora, que afirma que a situação do chamado tronco sul é pior do que a do tronco norte.
“Muitas estações demolidas”, lamenta a professora, que pontua que algumas poucas estão conservadas e transformadas em espaços de lazer, de cultura ou repartições públicas, como bibliotecas, restaurantes ou secretarias municipais. Além disso, há pontos em que trilhos e dormentes foram furtados.
No tronco sul, uma exceção é o uso da linha entre Juazeiro do Norte e Crato, que hoje é trajeto do Veículo Leve sobre Trilhos, o VLT do Cariri. O transporte é acessível e bastante usado.
Ou seja, o tronco sul hoje não tem transporte de carga. No Cariri, o transporte de passageiro está restrito aos cerca de 10km do VLT entre as estações do centro do Crato à da Vila Fatima, em Juazeiro do Norte. Na região metropolitana de Fortaleza, o metrô também usa o itinerário do tronco sul. Mas são apenas trechos, a linha completa não é usada.
A situação da linha Norte é melhor. Ela tem cerca de 500km e liga Fortaleza a Oiticica, localidade que fica em Crateús, perto da divisa com o Piauí.
“Ainda conseguimos encontrar algumas estações de pé, precárias, mas a linha em si está sendo usada para transporte de carga”, afirma a professora Ângela.
Segundo a pesquisadora, é feito o transporte de produtos e matéria-prima dos portos do Mucuripe e do Pecém, no Ceará, para o Piauí e o Maranhão. Por isso, ainda é possível ver o trem passar em cidades como Itapipoca, Sobral e Crateús.
O TREM VAI VOLTAR?
No Cariri, no Centro-Sul e no Sertão Central e em outras regiões do estado, a ferrovia só ganha sentido por causa das histórias contadas pelos mais velhos.
“Quando a nossa equipe chegava, algumas pessoas perguntavam se o trem vai voltar, mas a gente sabe que por enquanto não”, diz a professora, que atribui o abandono das ferrovias a vários aspectos, que vão da falta de viabilidade econômica até a mudança cultural, com a popularização do automóvel e do ônibus, fazendo do modal rodoviário o que predomina no Ceará e no Brasil.
O Sonho Azul, de Fortaleza ao Crato, e o Asa Branca, que ligava a Capital ao Recife, passando pela Paraíba, não existem mais. Eram trens feito esses que vemos mais nos filmes do que na vida. Havia até vagão transformado em restaurante!
Quantos amores foram unidos e tantos outros separados?
Parafraseando o poeta, hoje toda estação virou uma saudade de pedra.
Realmente um bom trabalho de mostragem da Professora, eu que vivenciei todo esses trajetos nos anos 65 a 85 de Fortaleza ao Crato, Fortaleza a Recife, conhecendo todos os ramais e linhas, nunca fui Ferroviário mas sou um profundo pesquisador do sistema em todas regiões do País, infelizmente no Nordeste tudo morreu e acabou em escombros, não creio que alguns trechos possa voltar a funcionar.
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Domingos
Triste realidade. Governos despreparados e comprometidos com classe empresarial eliminaram as ferrovias e nada deram em troca. O pior deixaram ao abandono todo o parque ferroviário.
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Ah como era bom! Nós anos 70 eu ainda de menor,morava no sertão de Quixeramobim,sempre viajava em um vagão de trem fazendo companhia a minha mãe até a estação de João Felipe em . Era o que ela,saudosa minha mãe,chamava de final da linha. Passava por Quixadá e outras estações,mas gostava mesmo era de contemplar a ladeira de Itapai, onde do último vagão do trem,olhava pela a janela e conseguia avista a locomotiva puxar todos os vagões por completo.
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Passei minha infância muito ligado a estações ferroviárias e trens.
Nasci no Antônio Bezerra e sempre estava a frente da estação , pois minha avó e os meus pais , sempre iam a casas de amigos em frente.
Observar as manobras era como um filme de TV.
Na década de 70 fui morar no Parque Araxá , a 300 metros ficava a estação do Otávio Bomfim.
Aí o meu contato com o trem foi uma constante.
Menino maroto, peguei muita ” buchecha” nós trens , Otávio Bomfim/ Parangaba , Otávio Bomfin Centro.
Mas o inesquecível foram duas viagens que fiz Fortaleza / Teresina e Fortaleza / Acopiara.
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Vicente
Lindas memórias.
Também eu, morador dos subúrbios da Estrada de |Fero Leopoldina, Estação de Ramos, tinha no trem Maria Fumaça o meio de transporte para levar-me aos estudos e, posteriormente, ao trabalho. infelizmente, os maus e incompetentes governantes, exterminaram com os trens de passageiros. Restou a saudade.
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Quantas lembranças tenho das viagens de trem que eu vazia de um pequeno município do centro do Ceará, para Fortaleza. Isso nos anos 50 e 60. Cheguei a ver ainda Maria fumaça e carros de trem ainda de madeira, mas depois veio a máquina a óleo e carros de aço. Não eram viagens confortáveis. Tinha primeira classe e segunda classe Tinha tambem um carro que servia de restaurante. Porém era muito romântico onde se nanmorava e paquerava a vontade. Normalmente essa viagem era feita, por mim, mais nas férias escolares. Quando eu morava lá no interior, ainda criança, a grande diverção era a passagem do trem, um indo pra Fortaleza e outro indo para o Crato. Tudo era muito real e engraçado e tambem um pouco sofrido. A estrada de ferro dava bastante emprego tanto no interior como na capit, a Refesa. Boas lembranças. Quem sabe se um dia voltaremos a ter esse meio de transporte bem mais confortável e barato. Os tempos mudaram mais o romantismo e as boas lembranças ainda continuam nas mentes de muitos que por aqui ainda estão. Que DEUS, tome conta de nosso BRASIL.
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