Ela nasceu privada e, ao longo de 167 anos, viveu num pingue-pongue. Foi uma estatal federal e passou a ser estadual. Era privada, foi estatizada, viu-se privatizada e, novamente estatizada. Em 1998 voltou a ser privatizada e desde então mudou de dono três vezes, passando pelas mãos da empreiteira Odebrecht. A cada movimento, prometia-se um grande futuro aos passageiros. Coisa como uma extensão do Metrô e trens de qualidade transportando um milhão de pessoas por dia.

Desde 2019 a Supervia pertence à empresa Gumi Brasil, controlada por um consórcio da japonesa Mitsui. Suas dificuldades foram atribuídas à perda de passageiros provocada pela pandemia. É verdade, mas não é tudo. Olhando-se para a lista de credores afetados pela recuperação judicial, sente-se um forte cheiro de queimado. A maior vítima é o velho e bom BNDES, com um espeto de R$ 840 milhões (69% do passivo). Sobrou para a Viúva.

O segundo maior credor da Supervia é a Light, que fornece energia aos trens. O milagre da privatização mostrou suas rachaduras já em 2001, quando a Supervia devia R$ 24 milhões à Light. Em 2016, antes do surgimento do corona vírus, a dívida estava em R$39 milhões e a Light pediu à Justiça a falência da empresa.

Fonte: O Globo