Por Fernando Abelha
Recebemos do eng. Alexandre Said Delvaux, comentário sobre a pretensão da concessionária RUMO, em devolver ao governo, após 20 anos sob a sua operação e administração, os 1600 quilômetros da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que faz a ligação Bauru (SP) a Corumbá, divisa com a Bolívia.
Eis o comentário:
“Não sabemos em que condições está a via férrea. Se foi abandonada ou se suspenderam o tráfego e deram a devida guarda (o que seria um papel decente e de uma empresa séria, que recebe um bem público para zelar e cuida, pois, todos sabemos, que a ferrovia foi “desestatizada” e não privatizada).
Os bens de maior valor continuam sendo de propriedade pública. Se a via está sendo devolvida em condições próximas às condições recebidas é uma situação; se foi abandonada criminosamente, por isso, depredada, invadida, é outra. O papel do órgão regulador deveria ser fiscalizar e punir quem descumpriu o contrato e causou perdas irreparáveis à Nação. No entanto, nada aconteceu e milhares de quilômetros de via foram abandonados pelas concessionárias. Apostaram na impunidade e ganharam!”
Alexandre Said Delvaux
Estrada de Ferro Noroeste do Brasil
A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB) era uma companhia ferroviária brasileira que operava uma rede ferroviária de bitola métrica, com extensão de 1622 quilômetros, construída na primeira metade do século XX. Sua linha-tronco vai de Bauru até Corumbá, na divisa com a Bolívia, onde faz integração com a rede ferroviária boliviana até Santa Cruz de la Sierra. Possui um ramal da estação Indubrasil, em Campo Grande a Ponta Porã, na divisa com o Paraguai, e outro de Corumbá ao porto de Ladário.
Em Bauru, já considerado o maior entroncamento ferroviário do país, se integra com a linha da antiga E.F. Sorocabana, de bitola métrica, que desce até a baixada santista, com a linha da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, de bitola larga, que começa em Jundiaí e com a ferrovia Alta Paulista, de bitola larga, que segue paralela à NOB até a divisa com Mato Grosso do Sul, em Panorama – na NOB, Castilho/Três Lagoas.
O traçado da Noroeste ainda serve aos trens de celulose de Três Lagoas até o porto de Santos (descendo pela linha da Sorocabana após chegar em Bauru), aos trens de aço de Bauru até a Bolívia e aos trens de minério das minas da região de Corumbá até o porto de Ladário.
Inicialmente de iniciativa privada, passou ao controle da União antes de ser completada (1917). Foi incorporada à Rede Ferroviária Federal S.A. na criação desta (1957), como uma de suas regionais. No processo de desestatização da RFFSA, a ferrovia foi concedida como Malha Oeste à Ferrovia Novoeste S.A., que em 2006 foi fundida juntamente com a Brasil Ferrovias à América Latina Logística, que em 2015 se fundiu à Rumo Logística, pertencente à Cosan, passando a ser Rumo-ALL, que ainda tem a concessão da malha oeste mesmo depois de tantas transições entre as concessionárias.
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