Por Fernando Abelha

Mais um mês transcorreu desde que – abril de 2020 – a Federação Nacional dos Trabalhadores Ferroviários – FNTF encaminhou à VALEC-Engenharia, sucessora da RFFSA o Acordo Coletivo do Trabalho, caminho administrativo para que os salários dos ferroviários ativos, aposentados e pensionistas da extinta RFFSA, sejam reajustados pela inflação ocorrida de 1º de maio de 2019 à mesma data de 2020, em torno de 2%.

Embora seja um valor baixo, mas, se considerarmos que há anos aos ferroviários é concedido pela VALEC índices abaixo da inflação anual, o pouco passa a representar muito.

A categoria não pode continuar a ser humilhada pela empresa que herdou a responsabilidade de cuidar dos ferroviários remanescentes da RFFSA. Aposentados e pensionistas estão com uma média salarial em torno de R$ 1.500,00, enquanto cerca de 10 níveis da escala básica de cargos e salários da extinta RFFSA, estão com seus vencimentos abaixo do salário mínimo. Muitas famílias já passam por necessidades para sua sobrevivência com um mínimo de dignidade. Cada vez mais essa situação se agrava.

É de se destacar a insistência junta a VALEC pela FNTF, para que seja agendada reunião de consolidação do reajuste salarial, o que é ignorado pela VALEC em desrespeito ao que a Constituição Federal preconiza quanto a atualização dos salários dos trabalhadores pela inflação. Nada acontece que responsabilize a entidade por sua indigna atitude. O governo, sabedor do que acontece com a categoria, displicentemente se omite. Por quê? Que mal os ferroviários cometeram para tanto descaso dos governantes. São inúmeros os documentos enviados à Casa Civil da Presidência da República, MINFRA e VALEC rogando por uma solução para um problema que se arrasta há mais de 20 anos. As perdas de salário da categoria são superiores aos 50%.

Por sua vez, associações de classe, de todo o país vêm, através da chamada Comissão Especial Paritária, procurando agendar reunião no Ministério da Infraestrutura – MINFRA, o que vem sendo prejudicado pelo flagelo do COVID – 19, provocando continuados adiamentos. A reunião já fora agendada com o Secretário Executivo do MINFRA, em abril último, mas cancelada para data posterior. Enquanto isso, os ferroviários da extinta RFFSA, cerca de 70 mil se considerarmos aposentados e pensionistas, ficam abatidos em seus líquidos direitos.

Como diz o dito popular “continuam a ver navios”.