O Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII), que tem a China como seu maior acionista, vai começar abrir seus cofres para financiar projetos no Brasil. Energia limpa, logística e infraestrutura digital são algumas das áreas prioritárias para instituição, que foi criada há apenas quatro anos e tem um capital de US$ 100 bilhões.
O Senado aprovou a adesão do Brasil à instituição, passo decisivo para que o banco comece a atuar aqui.
O Brasil é o maior país da América Latina e tem uma importância estratégica de representatividade nas Américas como um todo, até porque esse é um banco que não tem os Estados Unidos como um de seus membros, afirmou ele ao Valor.
O BAII foi fundado sob a perspectiva de desempenhar um papel de banco multilateral com ênfase na Ásia tão relevante quanto o papel que o Banco Mundial tem desempenhado por anos no Ocidente.
Nas Américas, o Canadá é um dos países-membros do novo banco, mas não está entre os elegíveis para receber em empréstimos. Os Estados Unidos não participam do banco.
O banco tem um capital bastante robusto na casa de US$ 100 bilhões e tem um foco com aquilo que tem conectividade com a Ásia, disse.
Entre os projetos que se encaixam no cardápio do banco asiático, estão aqueles tradicionais de infraestrutura, como estradas, ferrovias e portos.
O banco busca contratos com o poder público ou com empresas privadas. A prioridade é que sejam projetos que tenham conexão com países da Ásia. No caso do Brasil, podem ser melhoria de portos por onde são escoados grãos do Centro-Oeste para clientes asiáticos, por exemplo, ou soluções tecnológicas que liguem os dois mercados.
O Brasil manifestou interesse em tornar-se membro da instituição ainda em 2015 (um ano antes de ela ser efetivamente fundada), durante o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT). Mas apenas agora, cinco anos depois, o Congresso aprovou a entrada do país no banco.
A aprovação ocorre num momento em que os EUA travam uma disputa econômica aguerrida com a China e num momento em que o Brasil, sob o governo Jair Bolsonaro, mantém um franco alinhamento político e ideológico com o governo de Donald Trump. Mais do que isso: integrantes do círculo próximo de Bolsonaro colecionam nos últimos meses declarações antipáticas a Pequim.
O Itamaraty informou que aportará US$ 5 milhões da aquisição de ações do novo banco. A expectativa inicial era de uma aquisição de US$ 3,18 bilhões. O relator do projeto de adesão, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), notou que até o pequeno arquipélago mediterrâneo de Malta aportou mais (US$ 172 milhões) no BAII que o Brasil.
Na prática, isso de não terá prejuízo no volume de recursos que poderão ser aportados em projetos no Brasil, diz Alberto Ninio. A implicação é puramente na governança do banco, no poder de voto. Não há correlação com o montante de crédito.
O BAII é o último banco multilateral criado em anos recentes. Antes foi o New Development Bank (NDB), apelidado de banco do Brics, com sede em Xangai e do qual o Brasil também é membro.
Fonte: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/08/14/banco…