Por Fernando Abelha

É de fato cruel e estarrecedor este comportamento perverso da VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias S/A que através dos anos toma atitudes sempre contrárias aos legítimos direitos dos ferroviários da extinta RFFSA.

Como se não bastasse o retardamento, por mais de dois anos, da decisão que concedeu o último reajuste de salários, ACTs de  2015/2016, agora adota a atitude de ignorar a Federação Nacional dos Trabalhadores Ferroviários e seus 10 sindicatos da base, distribuídos por  todo território nacional, quando a FNTF, amparada pelos dispositivos legais preconizados na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, e rigorosamente dentro dos prazos, solicita audiência de mediação para discutir o reajuste da classe.

Simplesmente, a VALEC-Engenharia através de Ofício, repleto de incoerências redacionais e de informações descabidas, ignora a FNTF como se fosse detentora de poder autocrata próprio dos regimes de exceção, quando os trabalhadores ficam subjugados à vontade dos seus algozes.

Pergunta-se: o Que é a Valec – Engenharia para ter este odioso e descabido comportamento?

O que a mídia, através das crônicas policiais registra nestes últimos 30 anos é que a VALEC foi criada pelo governo do presidente José Sarney para construir ferrovias. E lá se vão três décadas sem que nenhuma composição circule pelos inacabados e abandonados leitos da ferrovia Norte Sul sob a sua responsabilidade técnica.

Ao invés de perseguir aos ferroviários da extinta RFFSA, a VALEC deveria aproveitá-los para aulas técnicas de como construir e operar o modal ferroviário. Assim evitaria os desperdícios na compra de trilhos inadequados, de material rodante, vagões e locomotivas exposto em pátios sob as intemperes, apodrecendo a cada dia, enquanto esperam que a via permanente, sinalização, oficinas, depósitos, desvios e tudo mais necessário à operação ferroviária, cheguem ao seu fim. Enquanto isso, bilhões de reais, dinheiro de cada um de nós, são jogados fora, no momento em que o Brasil espera ansioso pelas ferrovias prometidas, que na realidade se transformaram em verdadeiros sorvedouros dos recursos da União o que pode ser comprovado pelas crônicas policiais que registram, a cada tempo, a prisão de ex – dirigentes da inoperante VALEC – Engenharia, com os seus bens indisponíveis, possivelmente, conquistados pela corrupção, enquanto os inquéritos se arrastam.

Fica, assim, registrado o pedido de interveniência de Sua Excelência o ministro Maurício Quintella, junto à diretoria da VALEC-engenharia, órgão subordinado ao seu Ministério, para que ponha fim a este perverso desmando e sentem-se com a FNTF a fim de discutir, democraticamente, as medidas para o reajuste dos salários dos 380 ferroviários remanescentes da extinta RFFSA, ainda em atividade na VALEC, para onde foram transferidos por sucessão trabalhistas e posicionados em quadro funcional a extinguir-se.

Assim, somente através do reajustamento dos proventos dos ativos, os cerca de 60 mil ferroviários aposentados e pensionistas, a maioria com idade acima dos 70 anos, com salários médios em torno de R$ 1.500,00, poderão garantir recursos necessários para a sua subsistência.