Por Fernando Abelha
É de estarrecer o cinismo aventureiro dos donos das concessões ferroviárias que vêm destruindo o patrimônio nacional com o abandono de milhares de quilômetros das nossas ferrovias, com o sucateamento do material rodante e trilhos. Descumprem os contratos e desrespeitam o patrimônio que lhes foi entregue pelo governo federal ao conceder os 30 mil quilômetros das ferrovias da RFFSA e da FEPASA, quase que de presente.
Além da malha da Rumo, ex- ALL, as demais empresas que administram ferrovias em todo o Brasil também já entraram com pedidos para renovação das concessões na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). As concessões da MRS e Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) vencem em 2026. No ano seguinte, acabam os contratos da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e a Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM), administradas pela Vale.
No mercado, a renovação das concessões é vista como a saída mais natural. Mas é preciso fazer o processo de uma forma transparente e sem atropelos. “No caso das ferrovias concedidas o primeiro contrato foi feito com uma série de falhas, que permitiu o sucateamento da malha nacional. Agora o governo tem a chance de melhorar esses contratos”, afirma uma fonte em Brasília.
O problema está no caso da recuperação de trechos sucateados, que custa muito caro. Pela lei, se não tiverem interesse em investir nessa malha, as empresas teriam de indenizar o governo, o que também custaria caro. Mas se não resolverem isso agora, não resolvem nunca mais”, diz um especialista no setor que prefere não se identificar.
