Comentários de Fernando Abelha
Mais uma vez a falta de planejamento dos órgãos públicos leva ao fundo do poço os parcos recursos que os governos dispõem para os investimentos voltados a melhorar a mobilidade urbana. Em São Paulo novos trens adquiridos para o Metrô estão encostados enquanto aguardam a conclusão de estações que deveriam ter sido concluídas em 2014 e agora estão previstas para 2018. Enquanto isso a garantia das composições vão pelo ralo juntamente com os recursos dos contribuintes. No Rio de Janeiro, recentemente, cerca de três anos, o Metrô adquiriu trens na China que esbarravam nas plataformas por erro de projeto no escopo da concorrência para aquisição das composições. Da mesma forma é sabido que os 20 trens coreanos adquiridos para o Rio de Janeiro há cerca de seis anos estão parados nas oficinas da SuperVia , enquanto aguardam a substituição de peças da tração que não resistiram a demanda do tráfego suburbano carioca.
Com obras atrasadas, Metrô de
SP terá 46 novos trens parados
Com atraso na conclusão das obras de três linhas de metrô, São Paulo terá até o fim deste ano 46 trens novos fora de operação. A concessionária ViaQuatro, operadora da Linha 4- Amarela, já começou a receber mais 15 composições, enquanto a construção de quatro estações, sob responsabilidade do governo do Estado, ainda não foi finalizada. A lentidão nas obras afetam também as Linhas 15-Prata e 5-Lilás. Os trens não terão onde rodar. O Metrô alega que os carros ficarão em testes.
Acontece que já não há espaço para abrigar as novas composições. “O estacionamento do pátio tem capacidade para abrigar os 14 trens da frota já em circulação. Os novos trens também serão abrigados no estacionamento do pátio, que está para ser ampliado com a retomada das obras da Linha 4”, informa a ViaQuatro. As obras de ampliação, no entanto, estão paralisadas desde julho do ano passado e só devem ser retomadas em junho deste ano – com conclusão prevista para 2018. Até lá, ainda não há definição sobre onde ficarão os carros.
O governo optou por fazer licitações diferentes para a construção das estações – que deveriam ter sido entregues em 2014, mas ainda estão em construção. Há vãos nos trilhos nos locais onde deveria haver as estações, e assim os trens já comprados não têm onde ser testados em conjunto. Na Linha 5-Lilás, os carros fora de operação já foram alvo de vandalismo, como o Estado noticiou duas vezes. A primeira foi em agosto do ano passado. A segunda vez foi há duas semanas. Os trens foram pichados.
O pátio no Capão Redondo, na zona sul, tem 15 trens à espera da conclusão das obras de ampliação da linha, até a Chácara Klabin, zona sul, prevista para terminar em 2018. O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, chama a situação de “irresponsável”. “A garantia desses trens está correndo antes que eles sejam entregues à população”, afirma.
Em nota, o Metrô afirma que todos os trens fora de circulação estão em testes. “Não é verdade que o Metrô de São Paulo terá 46 trens parados até dezembro pelo atraso de obras”, diz a empresa.
Fonte: O Estado de São Paulo
